Por Daniel Sousa e Silva


Artesãos de todo o País mostraram os seus trabalhos

A Praça do Município da Covilhã acolheu, de 23 a 27 de Abril, a 9ª Feira Nacional de Artesanato. O certame organizado pela Câmara Municipal da Covilhã fez parte do programa das comemorações do 29º aniversário do 25 de Abril.
A feira agrupou 51 bancas de artesanato em exposição com participantes de todos os pontos do País. O vidro, a cerâmica, a madeira e os tecidos são exemplos dos materiais empregados na feitura dos artigos artesanais.
Agostinho Godinho, de 52 anos, veio de Mação mostrar os seus trabalhos em madeira: crucifixos, molduras, brinquedos e, até, pequenos instrumentos musicais. É carpinteiro de profissão e o artesanato, que começou por ser um passatempo, é agora "mais uma fonte de rendimentos". O artesão elabora as suas peças a partir de objectos antigos ou de ideias originais. Quanto a vendas, comentou apenas que "anda muita gente a ver, mas são poucos os que compram alguma coisa".
A presença de Maria Araújo Fernandes, de 68 anos, na feira foi possível graças ao apoio da Câmara Municipal de Guimarães, uma das cinco autarquias com representação no evento. Maria Araújo esclarece que é apenas "a responsável pelas vendas na feira". O calçado em pele em exposição na sua banca é manufacturado "por um grupo de senhores idosos" que se reúne para trabalhar num espaço cedido pela autarquia vimaranense.
A cerâmica sempre foi o negócio da família de Pedro Miguel Mimoso, de Fornos de Algodres. É o terceiro ano consecutivo que participa na feira. O artesão constatou que "as vendas decaíram muito em relação aos anos anteriores" e apontou a "crise financeira que muitas pessoas atravessam" como explicação possível.
A inauguração oficial da feira, no final da tarde do dia 23, contou com a presença de Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã. O autarca visitou todas as bancas de exposição, mostrando-se interessado pelos artigos artesanais.

Iniciativa tardia

Nem todos os artesãos da Covilhã participaram na feira. É o caso Américo Santos Luís proprietário de uma pequena loja situada na Rua Capitão Alves Roçadas, a cerca de 150 metros da Praça do Município. A montra da sua loja está povoada de pequenas figuras de metal de zinco, em que os animais são as personagens principais. Apenas uma pequena quantidade das peças está para venda, as restantes fazem parte da sua colecção pessoal.
O artesão, de 78 anos de idade e 66 anos de trabalho "na arte", explicou que "já não há encomendas", por isso só vai fazendo algumas peças "para ocupar o tempo".
Américo Santos Luís tem o seu negócio para trespasse e optou por não participar na feira. "Já me sinto cansado para me meter nesses trabalhos", comentou. O artesão considera positivas as iniciativas deste género, mas lamenta que "os apoios ao artesanato só tenham começado recentemente", já que, para ele, a crise do sector "começou há mais de 20 anos".