A Praça do Município da Covilhã acolheu, de 23 a 27 de Abril,
a 9ª Feira Nacional de Artesanato. O certame organizado pela Câmara
Municipal da Covilhã fez parte do programa das comemorações
do 29º aniversário do 25 de Abril.
A feira agrupou 51 bancas de artesanato em exposição com participantes
de todos os pontos do País. O vidro, a cerâmica, a madeira e os tecidos
são exemplos dos materiais empregados na feitura dos artigos artesanais.
Agostinho Godinho, de 52 anos, veio de Mação mostrar os seus trabalhos
em madeira: crucifixos, molduras, brinquedos e, até, pequenos instrumentos
musicais. É carpinteiro de profissão e o artesanato, que começou
por ser um passatempo, é agora "mais uma fonte de rendimentos".
O artesão elabora as suas peças a partir de objectos antigos ou
de ideias originais. Quanto a vendas, comentou apenas que "anda muita gente
a ver, mas são poucos os que compram alguma coisa".
A presença de Maria Araújo Fernandes, de 68 anos, na feira foi possível
graças ao apoio da Câmara Municipal de Guimarães, uma das
cinco autarquias com representação no evento. Maria Araújo
esclarece que é apenas "a responsável pelas vendas na feira".
O calçado em pele em exposição na sua banca é manufacturado
"por um grupo de senhores idosos" que se reúne para trabalhar
num espaço cedido pela autarquia vimaranense.
A cerâmica sempre foi o negócio da família de Pedro Miguel
Mimoso, de Fornos de Algodres. É o terceiro ano consecutivo que participa
na feira. O artesão constatou que "as vendas decaíram muito
em relação aos anos anteriores" e apontou a "crise financeira
que muitas pessoas atravessam" como explicação possível.
A inauguração oficial da feira, no final da tarde do dia 23, contou
com a presença de Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da
Covilhã. O autarca visitou todas as bancas de exposição,
mostrando-se interessado pelos artigos artesanais.
Iniciativa tardia
Nem todos os artesãos da Covilhã participaram na feira. É
o caso Américo Santos Luís proprietário de uma pequena loja
situada na Rua Capitão Alves Roçadas, a cerca de 150 metros da Praça
do Município. A montra da sua loja está povoada de pequenas figuras
de metal de zinco, em que os animais são as personagens principais. Apenas
uma pequena quantidade das peças está para venda, as restantes fazem
parte da sua colecção pessoal.
O artesão, de 78 anos de idade e 66 anos de trabalho "na arte",
explicou que "já não há encomendas", por isso só
vai fazendo algumas peças "para ocupar o tempo".
Américo Santos Luís tem o seu negócio para trespasse e optou
por não participar na feira. "Já me sinto cansado para me meter
nesses trabalhos", comentou. O artesão considera positivas as iniciativas
deste género, mas lamenta que "os apoios ao artesanato só tenham
começado recentemente", já que, para ele, a crise do sector
"começou há mais de 20 anos".
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