"Excepto alguns representantes de núcleos e de alunos eleitos para
os órgãos da UBI, os cerca de 5 mil estudantes não se interessaram
pelo Fórum", lamentou, em jeito de balanço, Ana Cruz, presidente
da AAUBI (Associação Académica da Universidade da Beira Interior).
O Fórum Pedagogia, organizado pela AAUBI, decorreu no Anfiteatro 1 do Pólo
I da UBI, nos dia 7, 8 e 16 de Abril.
O último dia de debate contou com as presenças do reitor, Manuel
Santos Silva, do vice-reitor, Mário Raposo, e de Ana Paula Costa, presidente
do Conselho Pedagógico.
A deslocação não financiada para estágios obrigatórios
fora da Covilhã, em locais como o Hospital de Castelo Branco ou o Centro
de Saúde de Belmonte, foi a queixa apresentada por Alexandra Pina, presidente
do Medubi - Núcleo de Estudantes de Medicina da UBI.
A resposta de Santos Silva foi imediata. "O que se passa na UBI é
o mesmo que em todas as outras faculdades de medicina do País". Para
rematar, recordou que no primeiro semestre foram criados passes de autocarro com
50 por cento de desconto, mas não houve sequer um aluno de Medicina a levantá-los.
A necessidade de contratar mais funcionários, nomeadamente responsáveis
de laboratórios foi outra dificuldade avançada pelos alunos. A solução
pode ser impossível no futuro próximo. "Já ultrapassámos
a quota percentual do orçamento para ordenados e o Ministério da
Educação não nos autoriza a contratar mais pessoas",
lamentou Santos Silva.
O reitor e a presidente dos Conselho Pedagógico mostraram-se favoráveis
à proposta de criação de uma comissão de avaliação
pedagógica feita por Ondina Frade, aluna de Engenharia Aeronáutica.
A aluna explicou que "o objectivo é criar um regime pedagógico
que possa avaliar todos os casos relacionados com o insucesso escolar".
Uma das bandeiras de sucesso da universidade é a Biblioteca Central. Ana
Cruz sugeriu a Santos Silva a sua abertura durante todo o fim-de-semana. A ideia
é que a comunidade estudantil possua um local de estudo e de encontro nesse
período.
"O meu desejo era que a biblioteca estivesse aberta 24 horas por dia e sete
dias por semana, mas tal não é possível devido a limitações
financeiras", foi a resposta do reitor. Contudo, adiantou que "em princípio,
vai estar aberta também ao sábado à tarde a partir de Maio",
para os alunos se poderem preparar para época de avaliação.
Um dos factores incontornáveis do insucesso escolar apontado por Santos
Silva é o "problema cultural da sociedade portuguesa". O facto
de existirem festas como a Semana Académica numa época de "intensa
preparação para a época de avaliação"
foi um dos exemplos dados pelo reitor.
Bolsas empréstimo não reúnem consenso
Uma questão inovadora introduzida por Santos Silva foi a possibilidade
futura de os alunos poderem pedirem uma bolsa de empréstimo. Neste caso,
a UBI vai ser "um mero mediador entre os alunos e as instituições
bancárias". Uma curiosidade deste projecto é que as taxas de
juros vão ser diferentes consoante as notas dos alunos.
Pedro Ramos, presidente do Gestubi - Núcleo de Estudantes de Gestão
da UBI, foi um dos contestatários desta nova possibilidade argumentando
que se pretende "dar mais encargos aos alunos com problemas de dinheiro".
No entanto, para o reitor, "as bolsas de empréstimo não têm
o intuito de abolir as bolsas de estudo a fundo perdido, mas complementá-las".
O número de alunos e professores que assistiu e participou ao Fórum
Pedagogia foi escasso. Santos Silva constata que " a fraca adesão
dos alunos e professores é sistemática, mas o que aqui estiveram
foram os melhores". O reitor evidenciou a importância da troca de opiniões
e se vai tentar resolver os problemas apresentados, lembrando que "é
impossível um bom desfecho para todos".
Segundo dados estatísticos apresentados por Mário Raposo, a satisfação
dos alunos da UBI, relativamente a aspectos como a qualidade dos docentes ou das
infra-estruturas, localiza-se nos 54 por cento. Este valor é exactamente
igual ao valor médio nacional.
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