"A mensagem que pretendemos fazer passar é que, apesar das diferenças
culturais somos seres humanos, espirituais sentindo tudo com a mesma autenticidade
que qualquer outro semelhante a nós. Só te sentirás integrado
quando estiveres com pessoas diferentes". São estas as palavras do
"Projecto Festa da Lusofonia" na nota de apresentação
à comunicação social.
Segundo Tatiana Veiga, coordenadora do projecto, a ideia deste evento surgiu há
precisamente três anos, por ocasião das comemorações
do Dia de África. Posteriormente, a Festa da Lusofonia passou a incluir
todos os países que falam português uma vez que a UBI recebeu estudantes
timorenses e brasileiros. "A interculturalidade e partilha de valores comuns",
são os objectivos primordiais deste evento. "Nós somos embaixada
da Paz. Não devemos ser produtos, mas produtores da cultura" sublinha
Tatiana Veiga.
A Gala da Lusofonia, que decorrerá no dia 30 de Abril, vai juntar no mesmo
palco, pessoas oriundas de diversos países de língua portuguesa,
num intercâmbio de culturas que integram o espaço lusófono.
A primeira parte do espectáculo está reservada ao desfile de moda
produzido por Jamal em parceria com a sua agência de moda "Divas e
Divinos". O espectáculo inclui ainda danças tradicionais de
cada país, declamação de poemas e a actuação
da artista convidada Sara Tavares.
Mas o programa não se resume à Gala. Para o dia 28 está programada
uma tertúlia com a presença de Maria da Luz Ramos, da Universidade
Técnica de Lisboa e no dia 29, às 19 horas, o anfiteatro 1 da UBI
recebe a conferência sobre a Comunidade dos Países da Língua
Portuguesa (CPLP), proferida por Onésimo Silveira, embaixador de Cabo Verde
em Portugal.
Para além do intercâmbio de culturas, o Festa da Lusofonia visa também
"promover a UBI e a Beira Interior, dinamizar os cursos de Design Têxtil
e do Vestuário, Multimédia, Ciências da Comunicação
e desenvolver as potencialidades artísticas dos estudantes da academia",
afirma Tatina Veiga.
A falta de patrocínios é a principal dificuldade com que a organização
se tem deparado. "É um projecto com uma mensagem de solidariedade
e interculturalidade entre os lusófonos", salienta a coordenadora,
para quem os apoios têm sido muito limitados porque "as pessoas não
percebem a dimensão deste projecto". Segundo esta responsável,
a universidade deveria ter um papel mais interventivo, no sentido de disponibilizar
mais apoios, inclusivamente financeiros. "Estamos apreensivos porque faltam
duas semanas para o arranque das actividades e praticamente até agora não
recebemos qualquer apoio", confessa a coordenadora, apontando o preconceito
em relação ao projecto como causa da fraca adesão das entidades
públicas e privadas. Para Tatiana "há uma conotação
rácica e cultural deste projecto. As pessoas entendem o Projecto da Lusofonia,
como algo só dos africanos. Isto é ou não um preconceito?"
interroga.
Apesar das imensas dificuldades financeiras e das barreiras encontradas, a coordenadora
do projecto não vai baixar os braços e nem sequer admite a hipótese
de "abandonar o barco porque haverá sempre quem surja com ideias novas.
Estes constrangimentos só nos dão mais determinação
e coragem para prosseguir", garante.
Tatiana Veiga exorta as pessoas a "perceber o outro e não olhá-lo
como estranho, mas como elemento de um todo que é a sociedade". A
coordenadora do projecto acredita ainda que até o arranque do evento, todos
os preconceitos possam desvanecer e que as pessoas apercebam da dimensão
e a essência deste evento e o apoiem.
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