Nas jornadas ficou patente a ideia de que um engenheiro têxtil pode ser integrado em vários mercados de trabalho
Jornadas de Engenharia Têxtil
"Não existe crise nesta indústria"

Sílvia Gonçalves, presidente do UBITEX, aponta o dedo à comunicação social: a ideia de que o sector têxtil está em crise é falsa e afasta os alunos da licenciatura em Engenharia Têxtil.


Por Mari Duarte


"Indústria Têxtil - tecnologias de futuro" foi o lema das Jornadas de Engenharia Têxtil que se realizaram nos dias 10 e 11 de Abril. Esta iniciativa, organizada pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia Têxtil da UBI (UBITEX), teve a colaboração do Departamento de Ciências e Tecnologia Têxtil.
"Têm-se sempre a noção que o curso de Engenharia Têxtil está virado para a confecção. Ninguém pensa que um engenheiro têxtil pode inserir-se noutros mercados", afirma Sílvia Gonçalves, presidente do UBITEX. Para combater essa ideia, a organização convidou vários oradores que abordaram outras áreas de intervenção do engenheiro têxtil, como o desenvolvimento do produto na indústria automóvel, os materiais têxteis aplicados em higiene, a consultoria na área têxtil, a absorção de odores e acabamentos com fragrâncias nos tecidos e a protecção dos têxteis aos raios ultra violeta (UV)
"Já tinha reparado que existem muitos chapéus-de-sol amarelos nas praias, mas não sabia que era pelo facto dessa ser a cor que absorve menos raios UV", observa Filipe Silva, finalista do curso de Engenharia Têxtil.
Motivo de preocupação destas Jornadas foi esclarecer aos alunos como se lançarem no mercado de trabalho e como construírem um curriculum vitae. Para isso foi preparada uma conferência com Cândida Cardoso, do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Inovar para competir

Sílvia Gonçalves revela que nos últimos anos foram poucos os estudantes a concorrerem no curso de Engenharia Têxtil. "O curso está envelhecido", afirma. O facto das disciplinas serem difíceis e a aparente crise instalada na indústria têxtil em Portugal são as justificações que encontra para este fenómeno.
Para Sílvia Gonçalves, a comunicação social tem alguma culpa quando transmite a ideia de que existe crise na indústria têxtil, "o universo de fábricas que encerra é mínimo quando comparado com a indústria têxtil existente no País", declara.
Existem fábricas têxteis a fechar, mas assegura que muitas outras estão em plena evolução. "Há que lutar, pelo incremento da indústria têxtil apostando na tecnologia de ponta em novas áreas."
Atraídos por um dos temas das conferências, ou por simples curiosidade, foram muitos os alunos que aderiram a esta iniciativa. "É nestas conferências que ficamos a saber que áreas podemos trabalhar", declara Ângela Soares aluna de Engenharia Têxtil.