Por Mari Duarte


A reestruturação do curso de Ciências da Comunicação foi uma das questões abordadas no fórum

"No Fórum discute-se pedagogia, ouvem-se opiniões e restruturam-se posições". Foram estas as palavras de Ana Cruz, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), sobre o Fórum Pedagogia 2002/2003. Esta iniciativa, organizada anualmente pela AAUBI, conta com a colaboração dos núcleos das licenciaturas e dos alunos eleitos para os vários órgãos da UBI.
As unidades de Artes e Letras, Ciências Sociais e Humanas e Ciências da Saúde estiveram em discussão durante os dias 8 e 9 de Abril.
A adesão dos estudantes a esta iniciativa foi fraca, mas muito participativa. Na opinião de Ana Cruz, este Fórum serve para denunciar os problemas pedagógicos de cada departamento. No entanto, algumas das questões abordadas saíram deste âmbito.
O dia dedicado às Ciências Sociais e Humanas foi dominado pelos alunos de Ciências do Desporto. Uma das situações mais discutidas relaciona-se com os testes informáticos: os alunos queixam-se de não terem acesso aos resultados dos testes logo após o final da prova, de não existir discussão dessas mesmas provas e da sua curta duração. A reestruturação do curso e a falta de condições de estudo foram os outros problemas pedagógicos apresentados pelo DESPUBI - Núcleo de Estudantes de Ciências Desporto da UBI.
"Todas as problemáticas levantadas foram bem esclarecidas e defendidas por Fernando Almada", declara João Caboz, estudante de Ciências do Desporto, Mas nem todos os presentes ficaram satisfeitos com as respostas dadas pelo presidente do departamento do curso de Ciências do Desporto como comprova o longo período de discussão que durou quase duas horas.
No final do Fórum foi sugerida a organização de uma reunião geral para o curso de Ciências do Desporto. "Há assuntos que devem ser solucionados junto dos professores e directores do curso, porque o Fórum serve para se discutirem problemas, não para os resolver", defende Ana Cruz.

Reestruturação do curso em debate

Também o curso de Ciências da Comunicação dominou o dia de Artes e Letras do Fórum Pedagogia. A separação do curso em três ramos e suas implicações ocupou grande parte da discussão. A falta de informação sobre os conteúdos das novas disciplinas dos três ramos do curso e os critérios de selecção dos alunos para cada uma dessas áreas foram os principais problemas pedagógicos levantados pelos alunos. Segundo Paulo Serra, director do curso de Ciências da Comunicação, este problema existe porque a maioria dos alunos escolhe a área de jornalismo. "Tem de haver um mínimo de 10 alunos em cada ramo para se garantir o seu funcionamento, por isso a selecção é inevitável", acrescenta.
A necessidade de ser feita a avaliação pedagógica dos docentes e o facto da Unidade de Artes e Letras estar dividida por dois pólos distantes foram outros dos problemas apontados pelo Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação da UBI (UBImedia). Para Luís Franco, presidente do UBImedia, o Fórum foi positivo: "Apesar de não se encontrarem soluções é bom haver espaços abertos que permitam a discussão de problemas".




Ciências da Saúde participam no Fórum

Pela primeira vez o Fórum Pedagogia incluiu a Faculdade de Ciências da Saúde e, talvez por isso, foram poucos os estudantes presentes. "É complicado fazer um Fórum para um curso com apenas dois anos.", diz João Queiroz, presidente da Faculdade de Ciências da Saúde.
Apesar de recente, o MedUBI - Núcleo de Estudantes de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde apontou bastantes lacunas no curso. A inexistência de época de exames, o sistema de avaliação por módulos (quando se chumba a uma cadeira do módulo chumbam-se a todas), a falta de tutores e o preço elevado das deslocações para os hospitais e centros de saúde da Covilhã, Fundão, Guarda e Castelo Branco (faz parte da formação clínica) foram os principais problemas pedagógicos discutidos.
No que diz respeito ao sistema se ensino, João Queiroz é peremptório: "São os outros cursos que têm de se aproximar do modelo de ensino da faculdade de Medicina, não o contrário." Em relação ao elevado preço das deslocações, João Queiroz explica que no ano lectivo anterior foram emitidos passes para todos os estudantes de Medicina e que nenhum deles foi comprado. Para o ano lectivo que vem, devido ao interesse demonstrado pelos alunos, "entrarei em novas negociações com a empresa transportadora, para que haja a emissão de novos passes."