A Comissão de Moradores defende que o cemitério não deve ser construído na zona baixa da cidade
Localização do novo cemitério
"Estão a monopolizar a opinião das pessoas"

A construção do futuro cemitério da Covilhã continua a gerar discórdia. A autarquia enviou cartas aos covilhanenses com uma proposta que não agrada aos moradores da Quinta das Rosas e do Bairro do Rodrigo.


Por Catarina Rodrigues


Os covilhanenses receberam em suas casas uma carta relativa à localização no novo cemitério da cidade. O documento proveniente da Câmara Municipal da Covilhã solicita possíveis observações dos munícipes face à única hipótese apresentada. A autarquia aponta a possível construção do novo cemitério num espaço compreendido entre a linha de Caminhos de Ferro e o Eixo TCT, frente ao CITEVE.
A missiva não agradou à Comissão de Moradores da Quinta das Rosas e do Bairro do Rodrigo que esperava a apresentação de várias hipóteses. "Afinal somos confrontados com um único local já escolhido sobre o qual nos podemos pronunciar", salienta Hugo Nobre, membro da comissão. "Estão a monopolizar a opinião das pessoas", acrescenta.
No documento é explicado que já foi realizada a análise de vários factores como a constituição geológica dos terrenos e a avaliação da composição química dos solos. Segundo a carta assinada pelo presidente da Câmara Carlos Pinto, a escolha recaiu num espaço localizado junto à Adega Cooperativa da Covilhã, "um local servido por transportes públicos e de fácil acesso pedonal e rodoviário". Os moradores contestam este argumento dizendo que não há um único transporte público que sirva a urbanização da Quinta das Rosas. "Os únicos transportes que aqui passam são os Expressos", declara Hugo Nobre.
O presidente da Câmara, Carlos Pinto lembra na carta que até 31 de Maio está aberto um período de discussão pública "para confirmação da localização proposta". Durante esse período a autarquia vai apreciar e responder às observações apresentadas pela população.

Enquadramento paisagístico como factor a considerar

No ano 2000 a autarquia covilhanense nomeou uma comissão, presidida por Carlos Pinto e composta por várias entidades do concelho. José Geraldes, arcipestre da Covilhã, José Laia Rodrigues, director regional do Ambiente e Ordenamento do Território e José Veríssimo, delegado de Saúde da Covilhã são alguns dos nomes que compõem este organismo. Da equipa fazem ainda parte os vereadores Alberto Alçada Rosa, Joaquim Matias e João Esgalhado e os presidentes das Juntas de Freguesia da cidade, entre outros. Avaliar qual seria o melhor local para a construção do novo cemitério foi o objectivo. A localização junto à Adega Cooperativa é a única hipótese avançada.
Questionado pelo Urbi, Helder Oliveira, arquitecto e docente no Departamento de Engenharia Civil da UBI considera que "a localização do cemitério próximo da cidade é sempre uma vantagem". O docente, não faz parte da comissão nomeada pela Câmara, mas explica que "a construção do cemitério naquela área terá que ser incluir um enquadramento paisagístico diferente do tradicional de forma a minimizar o impacto negativo que poderá ter para os habitantes daquela zona". Helder Oliveira explica que hoje em dia são construídos cemitérios muito diferentes dos que existem na maioria das cidades e aldeias portuguesas. "Caso isso não aconteça, então talvez os moradores tenham razão em estar descontentes", conclui.