Vários grupos participaram no espectáculo por solidariedade
ACAPO
Queremos, podemos!

Sob o lema "querer é poder", o núcleo da ACAPO da Beira Interior mantém-se activo. O espectáculo de variedades no Teatro Cine é prova disso. Os apoios são poucos, mas a vontade de agir é muita. Apesar do núcleo ter apenas sete anos, já tem voz na região.


Por Mari Duarte


"Este espectáculo atraiu pouca gente, mas havemos de fazer outros que vão ter mais pessoas". Foram estas as palavras de António Sardinha, presidente do núcleo da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal da Beira Interior (ACAPO), sobre o espectáculo de variedades realizado dia 5 de Abril, no Teatro-Cine.
A dança, a música e o teatro animaram a noite, mas Filipa Melo foi quem recebeu os maiores aplausos. Esta jovem cantora, natural da Soalheira, hipnotizou todos os presentes apenas com a sua voz e viola. Os grupos Oriental de S. Martinho; Centro Colmeal da Torre; Cantares do Ferro e Cantares do Paúl e o Rancho da Casa do Povo de Alpedrinha foram os outros convidados que, por solidariedade, participaram neste convívio.
Divulgar a associação, angariar fundos e conseguir novos sócios foram os objectivos do espectáculo. "Os subsídios estatais são poucos", sublinha António Sardinha. É através destas iniciativas, das cotas (15 euros) e da solidariedade que a associação tem sobrevivido. A falta de verbas impede a associação de se movimentar e ajudar mais.
"Apesar da boa vontade, este núcleo não chega a todo o lado", admite Beatriz Fernandes. Invisual desde os oito anos de idade, teve que ir para Lisboa aprender Braille. Conseguiu formar-se no Conservatório e é hoje educadora musical no Teixoso. A principal preocupação de Beatriz, assim como de todos os professores em Portugal, é a incerteza de não saber em que zona do País vai ficar colocada no próximo ano.
Existe um artigo na lei que defende as professoras invisuais de se sujeitarem a irem parar a qualquer ponto do País nos concursos públicos, mas este artigo só é aplicável após os concursos nacionais. Como sobram poucas vagas após esta fase de colocação, " a lei acaba por não fazer qualquer efeito", queixa-se Beatriz. "O ser invisual não impossibilita uma vida normal a não ser em Portugal", acrescenta.
O principal objectivo da ACAPO é apoiar os sócios efectivos. São mais de 30, todos eles invisuais e o número aumenta quando se fala de sócios voluntários.
Acções de formação em Braille, em informática, natação, ou simplesmente aprender a assinar o próprio nome, são algumas das actividades, desenvolvidas por esta associação.
O núcleo da ACAPO da Beira Interior divide-se em três zonas: Castelo Branco, Guarda e Covilhã. Esta última abrange os concelhos do Fundão, Belmonte e Penamacor.
Os limites são muitos mas a actividade da Associação continua. Um passeio de ciclismo por Belmonte é a próxima actividade, a realizar no dia 27 de Abril .