Na tarde do dia 1, terça
feira, a sede do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) serviu
de palco para uma conferência de imprensa, onde se expôs a actual situação
vivida a Escola Profissional de Artes da Beira Interior.
As dificuldades sentidas pelos alunos da EPABI já eram muitas, mas a recusa
do currículo de Paula Ramos na sua recandidatura ao cargo de directora pedagógica
foi o rebentar da bomba. Antes os alunos já se tinham queixado de outros
problemas com a falta de uma cantina, de um bar, de aquecimento nas salas e as más
condições das instalações da escola. Mas agora a situação
é mais delicada já que se vive um ambiente de "instabilidade,
preocupação, desconfiança e de ditadura", conforme afirma
Rosa Estevão membro da Associação de Pais.
A situação de fragilidade da EPABI prende-se com o facto da direcção
da escola, depois de reunir com uma das entidades proprietárias, a Câmara
Municipal, ter recusado o cargo de directora pedagógica a Paula Ramos, sem
razões aparentemente válidas.
Segundo o SPRC, a abertura de vagas para docentes e do concurso para o cargo de
directora pedagógica foi antecipada no mês de Fevereiro, quando só
deveriam abrir no final do ano lectivo. Mas o maior problema surgiu quando foi recusado
o currículo de Paula Ramos. A actual directora pedagógica, e candidata
ao mesmo cargo, questionou a direcção da escola sobre o porquê
da recusa do seu currículo. Foi-lhe explicado que não poderia continuar
a trabalhar na instituição educacional por ser casada com Luís
Cipriano, também professor na EPABI e igualmente dispensado. Quando esta
situação se tornou pública, pais, professores, estudantes e
Sindicato de Professores da Região Centro juntarem-se a Paula Ramos contra
o que suspeitam ser uma "guerra pessoal" de Carlos Pinto com Luís
Cipriano.
O SPRC enviou cartas à direcção da EPABI a pedir uma reunião
para discutirem iniciativas e os problemas relacionados com o ensino profissional,
mas não obtiveram resposta. Também a Associação de Pais
continua à espera que a mesma entidade responda ao seu pedido de explicação.
As queixas que ambas as associações apresentam referem-se à
"pouca democraticidade" que a Direcção instaurou e dá
como exemplos a marcação e desmarcação de concertos
sem conhecimento da direcção pedagógica.
No que respeita aos docentes, a grande maioria está a favor da continuidade
de Paula Ramos no cargo que ocupa. "A EPABI sem a Paula Ramos não funciona.
É uma injustiça. A directora pedagógica criou, desenvolveu
a aguentou a escola até nas piores situações", declara
Guilhermino Fernandes, professor na instituição. A preocupação
da classe docente prende-se ainda com o facto da Direcção não
lhes dar explicações da situação vivida na escola e
não lhes apresentar por escrito os critérios necessários para
se concorrer aos cargos de professor e director pedagógico. "Todos temos
medo. É verdade que não há cargos eternos, mas devíamos
saber quais são os requisitos obrigatórios para trabalharmos. Agora
foi a Paula Ramos, qualquer dia é outro de nós", continua Guilhermino
Fernandes. Os docentes pedem ainda à Direcção da EPABI que
"não destrua o que está bem, mas sim o que está errado".
Pais lutam pela escola
No passado sábado, dia 5, cerca de 50 pais de alunos da EPABI tentaram
entrar na escola para uma reunião onde pretendiam debater os problemas
vividos pelos seus filhos ou educandos. Quando se preparavam para entrar no edifício,
foi-lhes barrada a entrada pela direcção escolar, pelo que a reunião
decorreu em pleno Jardim Público.
Durante a discussão ficou assente o recurso a um advogado que esclareça
se a Direcção pode ou não proibir a entrada dos encarregados
de educação na escola.
Ficou ainda decidido que serão enviadas cartas ao Presidente da República,
ao Ministério da Educação e à Associação
Nacional de Escolas Profissionais (NESPO), procurando-se assim informar estas
entidades sobre a realidade que a EPABI atravessa neste momento.
Ontem, segunda feira, 7, os professores da EPABI deram início a uma semana
de greve. Segundo dados do sindicato, no primeiro dia a adesão rondou os
40 por cento. Para a próxima quinta feira, está agendada uma reunião
entre os pais dos alunos e a direcção da escola. Um dos objectivos
do encontro será discutir problemas como a precariedade das instalações
e a possível substituição de Paula Ramos no final do ano
lectivo.
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