José Geraldes

"No bom caminho"


A preferência tem de ter em conta aquele que oferece maiores potencialidades de benefícios que favoreçam (...) o desenvolvimento da Beira Interior

As reuniões realizadas em Belmonte e na Covilhã para encontrar o modelo mais adequado para a aplicação concreta da descentralização na Beira Interior prevista pelo Governo decorreram da melhor maneira que foi possível, segundo os próprios intervenientes.
É de salientar o aspecto positivo com que os autarcas querem conduzir o processo em ordem à escolha do modelo de entre o tipo de comunidades previstas na lei que trará maiores vantagens para a Região. Trata-se de uma oportunidade histórica que vai determinar o desenvolvimento sustentado dos distritos da Guarda e Castelo Branco.
De assinalar também o facto da polémica pública entre Carlos Pinto e Manuel Frexes ser ultrapassada, por vontade dos próprios, com o fito da valorização do objectivo comum que deve estar acima das suas legítimas opiniões pessoais.
Esperemos que, na próxima reunião na Guarda, se cheguem a conclusões de consenso geral. Não unanimistas, pois é timbre da democracia incluir, em conclusões do maior interesse público, opiniões naturalmente plurais.
Aliás, da Guarda convém que saia já um modelo bem explícito, pois os autarcas não podem dar-se ao luxo de andar de reunião em reunião sem chegarem a conclusões concretas.
E nem a opinião pública nem os eleitores, que os elegeram, verão com bons olhos este adiar de decisões que também não devem ser precipitadas sob pena de se hipotecar o futuro da Região.
Dos modelos em discussão - comunidade intermunicipal, urbana ou Serra da Estrela - a preferência tem de ter em conta aquele que oferece maiores potencialidades de benefícios que favoreçam a médio, curto e longo prazo o desenvolvimento da Beira Interior.
Esta opção afigura-se irrecusável. E aqui os autarcas não podem, como a avestruz, meter a cabeça na areia. Não importa o nome do autarca ou autarcas que sejam os autores do modelo a escolher.
O que importa são as virtualidades que o modelo escolhido de comunidade contenha para que o Interior não volte a ficar eternamente dependente das decisões dos gabinetes do Terreiro do Paço.
O futuro da Beira Interior deve sobrepor-se a qualquer tipo de hegemonia da parte dos autarcas. Pelas declarações vindas a público, depreende-se que este espírito norteia a sua actuação e a escolha do modelo de comunidade.
Há dois pontos que objectivamente se apresentam irrecusáveis.
O primeiro diz respeito às transferências directas das verbas do Orçamento de Estado. Não podemos continuar à mercê das migalhas que ministros em visita nos queiram por cá deixar. Nem ser obrigados a ir pedir uma esmola à Administração Central. O modelo de comunidade tem que garantir as verbas sem sermos pedintes.
O segundo ponto tem a ver com o acesso aos fundos comunitários com a apresentação de projectos. Também nesta área não podemos sempre andar de chapéu na mão a meter cunhas para que os fundos comunitários não faltem. O modelo de comunidade deve assegurar que se podem apresentar candidaturas que a burocracia do Estado, seja da Região Centro, seja dos Ministérios não possam torpedear ou meter na gaveta à espera de uma melhor oportunidade. Sabe-se que esta é a clássica desculpa para que tudo fique na mesma.
Agora têm a palavra os autarcas. Que decidam bem. Esta é uma oportunidade única para a Beira Interior.