Na
rota do sal
Sobral
de
São
Miguel
Por Eduardo Alves
A sudoeste
do concelho da Covilhã descobre-se, agasalhado no vale do Gondufo em plena
Serra da Estrela, o Sobral de São Miguel. Um povoado de pequenas casas,
quase todas construídas com o xisto arrancado das margens das ribeiras
do Porsim e Casegas. Este tipo de edificações faz com que muitos
apelidem o Sobral de "Piodão
da Covilhã".
Uma freguesia repleta de história. As primeiras referências a este
local datam do século XIII. A invasão da Península Ibérica
pelos Mouros também deixou marcas por estas paragens. As lendas populares
fazem referência os tesouros escondidos em potes de barro, algures no alto
do Pereiro, junto à capela da Senhora da Boa Viagem.
Verdadeiro baluarte da história portuguesa e da região Centro. O
Sobral de São Miguel foi outrora um ponto de passagem fundamental para
as caravanas de sal. Esse produto vital na conservação dos alimentos
era distribuídos para toda a região a partir desta aldeia. Nos dias
que correm, restam as lembranças desses tempos. Guardadas a sete chaves
na casa museu e nos nove moinhos, dos quais, cinco ainda se encontram em actividade.
As
ruas estreitas e labirínticas, onde reina o granito e o xisto vão
desaguar junto à Fonte da Ponte. Um monumento erguido em 1900 e restaurado
pelos populares, 64 anos depois. O sítio ideal para retemperar corpo e
alma e apreciar a magnífica paisagem. Talvez paire no ar o aroma a castanhas
cozidas em leite ou aos "Ticos". Presuntos de cabra temperados com sal,
pimento, alho, sarpão, azeite e louro, uma iguaria regada com vinho tinto
e cozinhada ao calor da lenha, num dos quatro fornos comunitários.
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