José Geraldes
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"Venha o concurso"
Os alunos vão aumentar e as instalações começam a ser
exíguas
O Ministro da Saúde anunciou, na semana passada,
na Covilhã, a publicação para breve de incentivos para a
fixação de médicos no Interior. A decisão revela uma
grande bondade e desde já formulamos votos para que as expectativas não
sejam defraudadas.
Com uma população idosa a crescer, os cuidados médicos aumentam
e os clínicos existentes não se afiguram, em número suficiente,
para colmatar as necessidades. A isto acrescente-se o facto de só no Hospital
Pêro da Covilhã que com o Hospital do Fundão forma o Centro
Hospitalar da Cova da Beira, faltarem cerca de 30 médicos.
Luís Filipe Pereira não falou claramente do tipo de benefícios
de que irão gozar os médicos que porventura escolham o Interior
mas limitou-se a referir "atractivos financeiros" e "vínculo
e estabilidade de trabalho." Mas deixou bem explícito que o conjunto
de benefícios contemplados no diploma, a apresentar em próximo Conselho
de Ministros, se destina essencialmente a médicos em princípio de
carreira. A jovens médicos, portanto.
Chegados aqui é importante lembrar que o governo socialista já se
tinha socorrido da mesma receita para tentar resolver a questão muito mediatizada
da falta de pediatras no Hospital Sousa Martins, na Guarda. E, como não
há fome sem fartura, os incentivos chegavam ao ponto de oferta de motorista
privativo aos médicos candidatos. Naturalmente os clínicos de outras
especialidades reagiram.
Mas, para além dos protestos corporativos, não consta que os médicos
acorressem em legião nessa altura para se fixarem no Interior.
Concedemos que as circunstâncias agora são diferentes no caso da
Covilhã. Como diz o provérbio inglês, esperemos para ver.
E pode muito bem acontecer que o relançamento da iniciativa dê resultados.
O Interior só seria beneficiado.
A nossa maior confiança vai para a Faculdade das Ciências da Saúde.
Com um hospital universitário e especialidades a desenvolverem-se a tendência
mesmo sem incentivos especiais será para fixação. Não
somos ingénuos em esquecer que o Litoral será sempre uma tentação.
Mas aqui os médicos recém-formados terão mais oportunidades
que noutros grandes hospitais onde até o tipo de ensino foi totalmente
diferente da UBI. Oportunidades de não só fazer carreira mas também
de se lançarem em projectos de investigação.
Por isso, o lançamento do concurso do edifício da nova Faculdade
não pode demorar. O próximo ano lectivo é já o terceiro.
Os alunos vão aumentar e as instalações começam a
ser exíguas.
O Reitor Santos Silva apresentou a questão ao Ministro da Saúde
que a acolheu bem. Mas desviou "a bola" para o ministro Pedro Lynce.
E o concurso precisa de ir com urgência ao Conselho de Ministros.
Senhores Ministros da Saúde e da Ciência e do Ensino Superior, qual
a razão de tanta demora do lançamento do concurso ? Concurso que
devia ter sido lançado já em Junho de 2002. De que se está
à espera?
A Covilhã não pode esperar mais e estamos todos perder a paciência
para não dizer à beira de um ataque de nervos.
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