Um dia antes do início da intervenção dos aliados no Iraque,
Francisco Louçã esteve na Covilhã e fez algumas reflexões
sobre a guerra.
Com uma hora de atraso e cerca de 30 pessoas na sala, o debate começou com
uma chamada de atenção para o facto de Collin Powel ter divulgado,
no dia anterior, uma declaração segundo a qual os Estados Unidos não
estão sozinhos a fazer a guerra. Segundo Powell, os EUA têm o apoio
de 45 países dos quais 30 dão o nome e 15 são anónimos.
Referindo-se à intervenção de Durão Barroso no Parlamento,
Francisco Louçã questionou o facto de Portugal não estar na
lista dos 30 países, colocando a hipótese de termos sido esquecidos,
apesar a cedência da Base das Lajes para a Cimeira Atlântica..
Convicto de que as notícias da madrugada de quinta feira seriam bem diferentes
das que rondavam a opinião pública até essa altura, Francisco
Louçã não hesitou em afirmar que "provavelmente a partir
da 1hora da manhã a guerra começará". Não se enganou,
pois os ataques tiveram inicio por volta das 2 horas da manhã, altura em
que o deputado do Bloco de Esquerda teve oportunidade de expressar a sua indignação
em directo da Universidade da Beira Interior (UBI ) para a SIC.
Ao assumir a defesa da guerra contra o Iraque, Bush e Blair justificam-se dizendo
que o que está em causa é o mundo do século XXI e que o ataque
ao Iraque faz parte da segurança nacional dos Estados Unidos porque o Iraque
" pode ter armas de destruição massiva e nucleares". Louçã
criticou esta posição e chamou a atenção para o facto
de os Estados Unidos serem dos poucos países que recusaram o Tratado Internacional
de Proibição de Armas Biológicas: "o que me choca é
esta lógica de uma guerra infinita que nunca acaba, porque a seguir virão
outros países", referiu o deputado do Bloco de Esquerda.
Opinião pública
Segundo Francisco Louça, a guerra não só é ilegítima,
como defende Jorge Sampaio, "mas ilegal". Do seu ponto de vista, "Durão
Barroso é um fora da lei e é por isso que temos que nos unir contra
esta guerra".
O representante do Bloco de Esquerda mostrou acreditar que a guerra "ainda
poderia ser impedida" e incentivou os alunos presentes na sala a uma greve.
"Espero que haja uma greve em todas as universidades portuguesas" para
que os governantes se sintam pressionados e tenham de responder perante a opinião
pública.
Nuno Gomes, um dos alunos da UBI presentes nesta conferência, defende que
é necessário tomar uma posição pois "a guerra
é uma decisão extremista". Estão em causa vidas de pessoas
que já estão a sofrer com um estado de ditadura, para ajudá-las
a sair desse estado a melhor solução não será certamente
a guerra, por isso deveria procurar-se outra alternativa.
No final da sua exposição Louçã mostrou-se receptivo
a possíveis questões e as poucas pessoas que constituíam
a audiência mostraram-se participativas.
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