Na cerimónia foram distinguidas várias personalidades
Núcleo da Liga dos Combatentes comemora mais um aniversário
Setenta e Sete anos a combater na Covilhã

Recordar os companheiros que já partiram e enaltecer o esforço daqueles que combateram na guerra colonial foi o principal objectivo do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes em mais um dia de aniversário. A cerimónia teve início com a tradicional deposição de flores e terminou com a certeza de que brevemente o projecto da construção da nova sede social será um sonho tornado realidade.


Por Nélia Sousa


Passavam poucos minutos das 17h30 do passado sábado, 22 de Março, quando, ao som da trombeta, iniciou-se a habitual cerimónia de deposição de flores junto ao monumento em memória dos combatentes portugueses que tombaram honrando a pátria. Algumas dezenas de pessoas, entre autoridades civis e paramilitares, antigos combatentes e curiosos, reuniram-se para assistir ao momento festivo cujas solenidades estiveram a cargo do capitão Augusto Veiga, representante da Liga dos Combatentes de Lisboa e dos vereadores da Câmara da Covilhã João Esgalhado e Luís Barreiros.
Solidariedade e justiça para com os antigos militares que estiveram ao serviço da pátria nas ex-colónias portuguesas são as palavras de ordem pelas quais se pauta o Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, cujo director, João Azevedo, é peremptório em afirmar: "A Liga dos Combatentes enquadra-se na reinvidicação de justiça aos antigos combatentes do Ultramar". No entanto, a sua finalidade não se esgota nestes princípios. Proporcionar actividades culturais, recreativas, desportivas e sociais têm sido algumas das iniciativas do Núcleo que se caracteriza por um forte dinamismo e vivacidade. Mas, actualmente, o sonho mais ambicioso prende-se com a construção da nova sede. De acordo com João Azevedo o projecto "foi entregue na autarquia em Setembro de 2002", estando, neste momento, em fase final de aprovação. Segundo o presidente do Núcleo "quer os membros da Liga quer o presidente da Câmara tencionam que as obras estejam completas em meados do ano que vem". Os visíveis atrasos na resolução do processo prendem-se, de acordo com a vereadora da Cultura, Maria do Rosário Rocha, com "um problema administrativo". Contudo o vereador João Esgalhado garantiu que "dentro de dois ou três meses teremos o processo licenciado".
Com um investimento que ronda os 500 mil euros a sede social, aberta a toda a população, será um espaço priveligiado, dispondo no seu interior de vários serviços. Localizada em pleno Jardim do Lago, a sede incluirá um polivalente composto de um salão de festas, um balneário, refeitório e sala de estar, bem como de uma cozinha, consultório médico, gabinete de enfermagem, sala de espera e gabinetes administrativos. Prevê-se que em 2004 a infra-estrutura esteja concluída, constituindo mais uma aposta ganha por parte desta colectividade que tem vindo a desenvolver um papel relevante na região.

"Sócios são a vitalidade do Núcleo"

Feitas as homenagens junto do monumento aos combatentes de guerra, as cerimónias seguiram para a igreja da Misericórdia onde foi celebrada a habitual missa de sufrágio. De seguida, antigos combatentes e respectivos familiares, sócios, políticos e membros de diversas associações rumaram à Varanda dos Carqueijais para o célebre jantar comemorativo onde a festa se prolongaria por noite fora, animada pela música e cantares do Grupo Coral do Oriental de São Martinho. Mas o ponto alto da noite chegaria quando João Azevedo procedeu à entrega de várias lembranças a personalidades e entidades distintas que se têm demarcado pela ajuda e apoio dado ao Núcleo. Uma das personalidades distinguidas com este gesto simbólico foi a vereadora da Cultura, Maria do Rosário Rocha, para quem a lembrança é o "resultado de uma óptima relação que a Câmara Municipal da Covilhã e eu pessoalmente temos com a Liga". Por seu lado, os membros da Liga não deixam de elogiar os esforços feitos pela autarquia no sentido de ser pioneira no apoio ao desenvolvimento das suas actividades.
Com aproximadamente 950 sócios, o Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes tem vindo a crescer com alguma força, isto se termos em atenção que em 2001 o número de associados rondava os 600. Um crescimento que deixa o presidente bastante satisfeito uma vez que "os sócios são a vitalidade do Núcleo", afirma.
Depois de celebrados os 77 anos, o Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes tem já agendado os próximos convívios. Já no próximo dia 9 de Abril, na Batalha, terão lugar as comemorações do Dia do Combatente, seguindo-se a 12 de Abril uma visita a Chaves. Em Maio joga-se o décimo terceiro torneio de malha e o sétimo torneio de futebol de salão. No mês de Junho está prevista uma visita cultural ao Parque das Nações e o oitavo encontro de coleccionadores da Covilhã. Em Setembro terá lugar a famosa sardinhada de São Miguel e em Outubro o Núcleo participará nas comemorações nacionais do 80º aniversário da Liga dos Combatentes. Para Novembro está prevista a romagem aos talhões da Covilhã e Fundão. Um facto que demonstra bem a destreza de uma colectividade que mesmo sem armas continua a combater em prol da cultura, do convívio e da solidariedade entre antigos militares.