Ana Manso quer manter, acima de tudo, a "coesão distrital"
Gouveia e Seia também organizam debates
Comunidades de Viseu e Covilhã esbarram na unidade de distrito guardense

O processo de descentralização está a gerar conflitos políticos na Guarda. De um lado são as críticas da líder do PSD ao executivo socialista, mas de outro a união de doze autarcas pela coesão do distrito. Os debates sobre o assunto sucedem-se, quer em Gouveia, quer em Seia.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


Doze dos 14 presidentes de câmara da Guarda e a líder do PSD local, Ana Manso, subscreveram, em Manteigas, no passado dia 24 de Fevereiro, um documento no qual defendem a unidade do distrito no processo de descentralização em curso. Somente os socialistas Maria do Carmo Borges e Eduardo Brito, autarca de Seia, não assinaram o documento. Porém, Ana Manso acredita que o edil senense venha a subscrever a moção, "uma vez que ele se revê no projecto".
A criação de uma Comunidade Urbana (CU) ou Intermunicipal, à semelhança do que se passa na Cova da Beira, está também a gerar conflitos entre a classe política local, com Ana Manso a tecer grandes críticas ao executivo socialista na autarquia guardense. A líder distrital do PSD acusa a presidente Maria do Carmo Borges de falta de liderança em todo este processo. Em declarações ao NC, Ana Manso explica que o que levou os autarcas a subscreverem este documento "é a angústia que estes sentem pois nunca viram na capital de distrito uma tomada de posição". "Apresentámos muitas vezes este assunto em sessão de câmara e na última, com o documento elaborado, lamentavelmente o executivo não tomou qualquer posição", sustenta a deputada na Assembleia da República.
As críticas da também vereadora na Câmara da Guarda persistem. De acordo com Manso, a "omissão" da presidente da autarquia criou condições a que outros políticos tomassem a dianteira do processo. Uma referência explícita a Fernando Ruas, edil de Viseu, que tem "piscado o olho" a alguns municípios do distrito da Guarda para integrarem uma futura Área Metropolitana viseense. "(Maria do Carmo Borges) Injeitou a unidade do distrito e com isto dá mostras de insegurança", insiste Ana Manso.
A moção, afiança a líder do PSD da Guarda, vai ser apresentada ainda este mês ao ministro das Cidades, Isaltino Morais.

Seia lança ciclo de debates, Gouveia também

Por seu turno, a Câmara Municipal de Seia vai promover um ciclo de debates em torno das novas políticas de descentralização e da criação das áreas metropolitanas e comunidades urbanas. O objectivo, revela o presidente da autarquia, Eduardo Brito, "é fomentar a discussão, de modo a que se tomem decisões que vão de encontro aos interesses das pessoas". A iniciativa decorre no Salão de Congressos/Casa Municipal da Cultura, durante os meses de Março, Abril e Maio, tendo sido convidadas várias personalidades dos diferentes quadrantes políticos com assento na Assembleia da República. Entretanto, Eduardo Brito também equaciona a hipótese de referendar o assunto. O concelho tem sido abordado sobre a possibilidade de integrar, quer o modelo da Área Metropolitana de Viseu, quer a Comunidade Urbana das Beiras, preconizado pelo autarca da Covilhã, Carlos Pinto.
Quanto a Gouveia, a posição é semelhante. Álvaro Amaro revela ao NC que quer realizar também um debate em torno desta questão, onde, garante, Fernando Ruas será um dos presentes. Entretanto, aquele que também foi um dos subscritores da "Moção dos 12", considera importante que "enquanto não houver uma revisão constitucional se deve manter a lógica da união do distrito". Porém, esclarece Álvaro Amaro, "sem embargo de os municípios se poderem associar aos modelos que entenderem".
O autarca de Gouveia introduz para a questão a figura das Associações-Intermunicipais, "que têm os mesmos direitos quer das comunidades urbanas, quer das intermunicipais". O edil defende que se deve começar a "construir a casa pelos alicerses" e não o contrário, referindo-se às "disputas" em torno das comunidades urbanas, intermunicipais e áreas metropolitanas.
Álvaro Amaro elogia a iniciativa do Governo, sustentando que o ponto fundamental, neste momento, é "colocar todos os autarcas a discutir". No entanto, coloca também o dedo na ferida e questiona: "Que assuntos se querem debater? A regionalização ou novas formas de associativismo?".