"A privatização da saúde
e os ataques aos direitos dos trabalhadores" foram os principais motivos apontados
pelos sindicalistas que na passada sexta feira, 14 aguardaram o ministro da Saúde
à entrada do Hospital Pêro da Covilhã. Cristina Hipólito,
representante da União de Sindicatos de Castelo Branco, entregou ao membro
do Governo 1500 assinaturas recolhidas no distrito contra o novo modelo de gestão
hospitalar.
Conceição Rodrigues, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses entregou
uma carta onde é abordada a carência de enfermeiros no distrito. "O
Centro de Saúde de Idanha-a-Nova tem 15 enfermeiros quando devia ter 25 e
o Centro de Saúde de Castelo Branco necessitando de 60 enfermeiros tem neste
momento 37", frisa a sindicalista que apontou ainda outros casos.
A responsável lembra medidas como a redução de enfermeiros
por turno e a proibição do recurso ao trabalho extraordinário.
"Exige-se aos enfermeiros a execução do mesmo trabalho com menos
elementos e assim algo tem que ficar por fazer", sublinha.
Também a Comissão de Utentes do Centro Hospitalar Cova da Beira se
fez representar. Daniel Nicolau considera que "a empresarialização
é o primeiro passo para mais tarde entregar a saúde pública
a privados" e acrescenta que "serão os utentes a pagar mais pelos
mesmos serviços". Nicolau salienta ainda o facto da maioria dos administradores
dos hospitais empresa não ter formação na área da saúde.
Confrontado com as críticas, Luís Filipe Pereira refere que alguns
sindicatos têm tentado passar uma mensagem que não é a verdadeira.
"Não estamos a privatizar , estamos a modificar o funcionamento das
instituições de saúde de forma a prestar um melhor serviço
à população". O ministro reafirma a intenção
de continuar a apostar na iniciativa privada e também social como é
o caso das Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade
Social, mas frisa que "os serviços de saúde continuarão
a ser tendencialmente gratuitos".
Serviços inquiridos
A visita do ministro serviu para assinalar a atribuição do nome
Pêro da Covilhã ao hospital. Uma situação que agradou
a Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, que há
muito pretendia esta alteração. O Hospital Pêro da Covilhã
constitui juntamente com o Hospital do Fundão o Centro Hospitalar Cova
da Beira (CHCB) S. A. que continua com a mesma designação.
Luís Filipe Pereira visitou as instalações do CHCB, um dos
34 hospitais empresa do País, e ouviu alguns pedidos do presidente da administração
Miguel Castelo Branco. O responsável lembrou a necessidade de mais recursos
humanos. A implantação da Unidade de Psiquiatria e da Faculdade
de Medicina são também prioridades para o administrador. Miguel
Castelo Branco salientou ainda a importância de uma boa articulação
do hospital com a faculdade e como com os centros de saúde.
Uma ideia partilhada pelo ministro que anunciou a intenção de lançar
a curto prazo um inquérito nacional sobre os serviços de saúde.
O objectivo é "sentir o que as populações pretendem
deste novo universo dos hospitais que participam agora no novo projecto da empresarialização",
explica. Inicialmente vão ser inquiridos utentes dos hospitais S. A . mas
mais tarde a iniciativa será alargada a outras unidades.
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