Miguel Castelo Branco pediu mais médicos para o Centro Hospitalar Cova da Beira
Hospital Pêro da Covilhã
Sindicatos recebem ministro com protestos

Luís Filipe Pereira recebeu vários documentos de representantes sindicais. Em causa está modelo de gestão que já existe em 34 hospitais do País.


Por Catarina Rodrigues


"A privatização da saúde e os ataques aos direitos dos trabalhadores" foram os principais motivos apontados pelos sindicalistas que na passada sexta feira, 14 aguardaram o ministro da Saúde à entrada do Hospital Pêro da Covilhã. Cristina Hipólito, representante da União de Sindicatos de Castelo Branco, entregou ao membro do Governo 1500 assinaturas recolhidas no distrito contra o novo modelo de gestão hospitalar.
Conceição Rodrigues, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses entregou uma carta onde é abordada a carência de enfermeiros no distrito. "O Centro de Saúde de Idanha-a-Nova tem 15 enfermeiros quando devia ter 25 e o Centro de Saúde de Castelo Branco necessitando de 60 enfermeiros tem neste momento 37", frisa a sindicalista que apontou ainda outros casos.
A responsável lembra medidas como a redução de enfermeiros por turno e a proibição do recurso ao trabalho extraordinário. "Exige-se aos enfermeiros a execução do mesmo trabalho com menos elementos e assim algo tem que ficar por fazer", sublinha.
Também a Comissão de Utentes do Centro Hospitalar Cova da Beira se fez representar. Daniel Nicolau considera que "a empresarialização é o primeiro passo para mais tarde entregar a saúde pública a privados" e acrescenta que "serão os utentes a pagar mais pelos mesmos serviços". Nicolau salienta ainda o facto da maioria dos administradores dos hospitais empresa não ter formação na área da saúde.
Confrontado com as críticas, Luís Filipe Pereira refere que alguns sindicatos têm tentado passar uma mensagem que não é a verdadeira. "Não estamos a privatizar , estamos a modificar o funcionamento das instituições de saúde de forma a prestar um melhor serviço à população". O ministro reafirma a intenção de continuar a apostar na iniciativa privada e também social como é o caso das Misericórdias e Instituições Particulares de Solidariedade Social, mas frisa que "os serviços de saúde continuarão a ser tendencialmente gratuitos".

Serviços inquiridos

A visita do ministro serviu para assinalar a atribuição do nome Pêro da Covilhã ao hospital. Uma situação que agradou a Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, que há muito pretendia esta alteração. O Hospital Pêro da Covilhã constitui juntamente com o Hospital do Fundão o Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) S. A. que continua com a mesma designação.
Luís Filipe Pereira visitou as instalações do CHCB, um dos 34 hospitais empresa do País, e ouviu alguns pedidos do presidente da administração Miguel Castelo Branco. O responsável lembrou a necessidade de mais recursos humanos. A implantação da Unidade de Psiquiatria e da Faculdade de Medicina são também prioridades para o administrador. Miguel Castelo Branco salientou ainda a importância de uma boa articulação do hospital com a faculdade e como com os centros de saúde.
Uma ideia partilhada pelo ministro que anunciou a intenção de lançar a curto prazo um inquérito nacional sobre os serviços de saúde. O objectivo é "sentir o que as populações pretendem deste novo universo dos hospitais que participam agora no novo projecto da empresarialização", explica. Inicialmente vão ser inquiridos utentes dos hospitais S. A . mas mais tarde a iniciativa será alargada a outras unidades.