António Fidalgo
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A CUB ou a Beira Interior novamente
O projecto da Comunidade Urbana das Beiras é mais um passo, ou
episódio, do processo tão polémico como
inevitável da aproximação social e
económica, e consequentemente administrativa e política,
do eixo Castelo Branco – Guarda. Pouco a pouco os laços têm
vindo a ser lançados. A Direcção Regional
Agrícola da Beira Interior, a Região de Turismo da
Serra da Estrela, a Associação de Municípios da
Cova da Beira, o Centro Emissor de Castelo Branco da RTP a cobrir os
dois distritos, a SIC a cobrir os mesmos a partir da Covilhã, a
empresa de Águas do Zêzere e Coa na Guarda, a Central de
Resíduos Sólidos Urbanos no Fundão, são
pontos de união, ainda quando eles mesmos motivo de forte
polémica. A auto-estrada a ligar os dois distritos, a linha do
gás natural, a criação da Faculdade de
Ciências da Saúde na Universidade da Beira Interior no
meio desse eixo, são, por fim, realidades que estão a
fazer dos dois distritos uma só região.
Queira-se ou não, é isto que está em
marcha.
Rejeitada a regionalização e com ela a Beira Interior, eis
que a Beira Interior regressa novamente, já não como um
projecto político voluntarista proposto de cima, mas como uma
necessidade administrativo-política sentida de baixo. Talvez seja
melhor assim. O que teria surgido de rompante, por referendo e por lei,
vai surgindo agora lentamente, no meio de polémica, ganhando
pouco a pouco a configuração possível a cada
momento, mas sempre com o mesmo rumo.
Louva-se obviamente a intenção dos quatro presidentes de
câmara subscritores da proposta da CUB, mas também se
compreende a estupefacção de Manuel Frexes, presidente da
Câmara do Fundão, quanto a uma comunidade que de urbana
pouco terá. Onde é que está o urbano de uma
comunidade de concelhos que vai de Vila de Rei a Figueira de Castelo
Rodrigo? Por esse andar ainda se chamaria área metropolitana ao
Baixo Alentejo.
Felizmente está em franco debate a criação dessa
entidade administrativo-política que irá congregar os
municípios dos dois distritos. Haja propostas alternativas e
respectivo confronto. As gentes do eixo Guarda – Castelo Branco
agradecem. Pode ser que aconteça novamente o desenvolvimento e o
repovoamento do Interior, como dantes com D. Sancho I, o rei que,
olhando para estas terras entre Douro e Tejo como sendo a mesma
região, levou a diocese de Egitânia de Idanha-a-Velha para
a Guarda.
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