"Uma cornada na pintura e outros poemas" é o primeiro livro
de Rui Bogalheiro. A obra foi apresentada na passada quinta feira, 27, na Escola
Secundária Frei Heitor Pinto, onde o autor lecciona filosofia.
O livro é a síntese de um conjunto de poemas escritos ao longo de
mais de 20 anos. Paulo Serra, docente na Universidade da Beira Interior apresentou
os poemas como divisíveis em três grupos: metafísicos, existenciais
e críticos. Mas Rui Bogalheiro sublinhou a sua preocupação
para que haja uma unidade entre os três domínios poéticos.
O autor considera que as temáticas abordadas nesta publicação
são mais do agrado dos jovens, como a procura da identidade e a insatisfação.
Entretanto houve uma viragem. Actualmente tem tendência a escrever mais
sobre o quotidiano. A escrever "na fronteira entre a razão filosófica
e a emoção poética", explica. E acrescenta que a sua
intenção é " romper contra tudo aquilo que nos possa
fazer abandonar a perspectiva universal das coisas".
Rui Bogalheiro justifica o título do livro -que dá também
nome a um dos poemas- por chamar a atenção e ficar na memória.
Também o vê como adequado por se inserir num contexto jovem, e portanto
irreverente. É uma "cornada na pintura" por a pintura ser um
conceito muito mais abrangente , muito mais vasto. "É não só
a pintura da casa ou do carro mas também a pintura dos conceitos, a forma
como se pinta o sistema, é o verniz social", salienta.
Esta obra é uma edição da Biblioteca Escolar/Centro de Recursos
Educativos (BE/CRE) da Escola Secundária Frei Heitor Pinto e faz parte
de um projecto do qual este é o segundo volume.
Aníbal Mendes, presidente do conselho executivo diz que o desafio lançado
a Rui Bogalheiro para publicar os poemas que tinha na gaveta surgiu com o objectivo
de " fazer da BE/CRE um centro produtor e dinamizador de originais".
O presidente daquela unidade escolar diz que também se pretende mostrar
outras facetas dos elementos da comunidade educativa. Outro dos intuitos foi criar
alguma interacção.
É por isso que alguns poemas aparecem traduzidos em inglês, francês
ou alemão. Uma colaboração de alguns alunos e professores
num âmbito interdisciplinar. Outro contributo foi dado por Carlos Correia,
autor das ilustrações.
Bogalheiro confessa que a publicação do livro é o retomar
de uma ambição antiga e revela que agora tem mais confiança
no que escreve. Critica ainda aqueles que vêm a publicação
como um fim em si mesmo. No seu caso, esclarece, a espera para publicar resultou
de uma "honestidade intelectual, do tempo suficiente para distinguir o que
só interessa ao autor e o que eventualmente possa interessas aos outros".
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