A visita iniciou-se no dia 27 com uma sessão pública subordinada
ao tema "O futuro dos lanifícios e confecções da Beira
Interior numa Europa alargada", que decorreu no centro de trabalho do PCP
na Covilhã. Neste encontro foram prestadas várias informações
relativas aos acordos comerciais e à liberalização do sector
têxtil e do vestuário a nível da União Europeia.
O segundo dia da visita da deputada europeia à região foi preenchido
com visitas às três fábricas - AVRI, ALÇADA & PEREIRA,
na Covilhã e PENTEADORA em Unhais da Serra.
No final da visita, Ilda Figueiredo falou com os jornalistas numa conferência
de imprensa onde considerou a situação da indústria têxtil
e do vestuário preocupante sobretudo no que diz respeito às empresas
com carteiras de encomendas dependentes do mercado interno. Mas, salientou, também
que há outras empresas que enfrentam grandes dificuldades por erros de
gestão que foram praticados ao longo dos anos. Ainda assim, segundo a parlamentar
europeia "é de destacar a capacidade produtiva dos nossos trabalhadores
e de algumas empresas que conseguiram apostar em novos modelos de gestão
e de produção, colocando a empresa numa posição sólida
junto da União Europeia. Apesar da qualidade de produção,
há ainda empresas que não têm capacidade de autonomia e de
independência que lhes permita suportar uma situação de crise
ou de instabilidade económico-financeira", sublinha Ilda Figueiredo
para quem o responsável por esta situação é o Governo
que "em vez de impulsionar o investimento e apoiar as empresas e a produção
apostou no corte de investimento. Isto originou uma retracção no
consumo e naturalmente com reflexo na produção de pequenas e médias
empresas que produzem fundamentalmente para o mercado interno".
Ilda Figueiredo considera que é preciso uma maior intervenção
do Governo junto da União Europeia nas negociações de matérias
tão importantes como o alargamento da União para mais dez novos
países ou a liberalização do comércio internacional
no âmbito da Organização Mundial do Comercio (OMC). "Os
sectores produtivos portugueses correm sérios riscos se o Governo não
tomar posições firmes nas negociações que vão
decorrer em Setembro na União Europeia", alerta a deputada para quem
"o desenvolvimento desta região exige que o Governo tenha uma maior
capacidade reivindicativa junto da União Europeia".
"Multinacionais devem ter regras mais apertadas"
Ilda Figueiredo chamou atenção para a sua interpelação
feita à Comissão Europeia em Julho de 2002 na qual refere que "esses
acordos visam a estratégia de antecipação da liberalização
do comércio dos produtos têxteis e do vestuário que põem
em causa o cumprimento do Acordo Têxtil e Vestuário (ATV)" Num
projecto de resolução apresentado em 12 de Fevereiro ao Parlamento
Europeu, a deputada alerta para a necessidade de "um plano de acção
para apoiar os esforços de modernização do sector, que passa
pela manutenção de uma fileira produtiva coesa e eficiente, reforçando
também os apoios às pequenas e medias empresas, à investigação
e à formação profissional". Solicita ainda a União
Europeia, para que tome medidas com regras mais apertadas em relação
às multinacionais de forma a evitar situações difíceis
por que passa o país e esta região.
Durante a conferência de imprensa, Figueiredo falou também da sua
recente visita ao Iraque e defende que a guerra terá consequências
nefastas para a economia mundial. "Mesmo aqui na região, nos contactos
efectuados com as empresas, percebe-se que há uma certa situação
de instabilidade e de preocupação com o futuro que se está
a reflectir na própria indústria". A deputada considera, "fundamental
que se evite a guerra para garantir a paz e se possível o desenvolvimento".
Sublinha ainda, que "o problema é muito sério não só
para os iraquianos mas também para a União Europeia. A guerra iria
causar uma grande tragédia humanitária. Por isso o nosso empenhamento
é todos contra esta guerra na defesa de um povo e não na defesa
de um regime", explica a eurodeputada que integra a delegação
dos 30 deputados que no dia 9 parte para os EUA para um contacto com a ONU.
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