A direcção do Cine Clube da Beira Interior (CCBI) apresentou a
sua demissão na passada quinta feira, 20, cancelando assim todas as actividades
a partir do final deste mês. A Câmara Municipal da Covilhã
é acusada de "insensibilidade e falta de respeito" pelo trabalho
desenvolvido pela associação.
O CCBI tem actualmente uma dívida de 12 mil e 500 euros. Ao longo dos últimos
15 meses pediu apoios à câmara através de cartas dirigidas
ao presidente da autarquia e à vereadora da Cultura, mas nunca obteve qualquer
resposta. Foi este o principal motivo que segundo Pedro Ramos, presidente do CCBI,
levou à demissão em bloco da direcção.
No dia seguinte a este acontecimento, o CCBI recebeu um fax da autarquia que se
mostrava disposta a aceitar "sugestões quanto ao destino a dar ao
equipamento existente no Teatro Cine, designadamente a possibilidade de entendimento
quanto ao valor de compensação". Pedro Ramos diz não
compreender como é que a Câmara da Covilhã pode pagar por
um equipamento cujo valor ronda os 70 mil euros se não quis dar o apoio
pedido feito pelo Cine Clube de 12 mil e 500 euros.
Carlos Pinto, presidente da autarquia, acusa o CCBI de ser "subsídio-dependente"
já que "sem os apoios da edilidade não é capaz de continuar".
Em reacção às palavras do autarca, Pedro Ramos refere que
nos últimos três anos a associação investiu na Covilhã,
280 mil euros. A câmara atribuiu subsídios no valor de 35 mil euros,
acrescenta Ramos. "Seremos subsídio-dependentes de quem?", questiona
o responsável dizendo que "da câmara não é de
certeza".
Recandidatura não está nos planos da direcção
Pedro Ramos explica que o Cine Clube entrará em processo eleitoral e caberá
à nova direcção decidir o que fazer com o equipamento. "Os
cerca de 200 sócios também terão uma palavra a dizer",
recorda. O responsável sublinha que "é muito difícil
acreditar que há soluções enquanto Maria do Rosário
Rocha ocupar o lugar de vereadora da Cultura". O presidente do CCBI diz "estar
cansado desta situação" e por isso a recandidatura não
está nos seus planos.
O Cine Clube da Beira Interior gere desde Abril de 2001 a programação
do Teatro Cine, no âmbito de um protocolo realizado com a autarquia covilhanense
que termina no final deste mês. Carlos Pinto afirma no entanto que "as
sessões de cinema vão continuar".
A realização do IMAGO- Festival de Cinema e Vídeo Jovem da
Covilhã pode estar em causa. Pedro Ramos sublinha que não vai tentar
deslocar o festival para outra cidade e continuará a lutar pela sua realização
na Covilhã.
Ontem, segunda feira, 24, seguiu para a câmara uma carta dirigida ao presidente
da edilidade. Pedro Ramos diz que no documento são feitas reflexões
sobre o que foi dito na última semana e é pedido que seja retirado
o pelouro da Cultura à vereadora Maria do Rosário Rocha.
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