Centenas de pessoas uniram-se numa vigília pela Paz
Juntos numa vigília pela paz
"Esta guerra não é uma fatalidade"

"A Paz também é nossa" foi o mote de uma vigília pela paz no Iraque, que reuniu este fim de semana 21, na Paróquia de S.Pedro na Covilhã - Igreja de São Tiago. A Liga Operária Católica, o Movimento de Trabalhadores Cristãos, e centenas de cristãos católicos oriundos das mais diversas paróquias da diocese estiveram presentes. Durante mais de duas horas todos partilharam na fé os valores da paz, solidariedade, justiça, e oraram para que o povo iraquiano seja poupado desta guerra iminente dos Estados Unidos contra o seu país.


Por Carlos Borges


Numa altura em que a batalha diplomática norte americana e britânica continuam junto dos países com direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no sentido de encontrar uma saída para a crise no Iraque, o Papa João Paulo II, convoca para o dia 5 de Março uma oração pela Paz no Iraque, na Praça de S.Pedro, em Roma. A Paróquia de S.Pedro na Covilhã quis juntar-se a esta iniciativa do Sumo Pontífice, antecipando-se com uma vigília de oração e de reflexão sobre a eventual guerra e as suas consequências para o mundo. "A escalada de conflito entre as duas nações - EUA e Iraque - está a envolver os aliados dos dois países. A escala é mundial. Estamos entrar no século XXI com uma guerra mundial, que se pretende que seja circunscrita, mas que no fundo está envolver todas as nações. Por isso acho que um cristão deve ter a coragem para dizer: eu não sou político, mas sou alguém que tem de dar o seu contributo, porque a paz também é nossa", disse Henrique Rios, o padre anfitrião desta vigília, e para quem "a Igreja Católica não pode ser indiferente face a uma situação tão delicada".
"As Igrejas Cristãs que não fazem da promoção da justiça e da paz, a sua missão quotidiana, afastam-se de Deus", afirma o padre Tony, da Paróquia de Cortes do Meio, na sua mensagem aos presentes. Para este sacerdote, e citando o Papa João Paulo II, "esta guerra não é uma fatalidade", por isso "como cristãos devemos dizer não à guerra", acrescenta. À semelhança dos restantes participantes o padre Tony, comunga da opinião segundo a qual esta guerra tem motivações económicas e políticas cujas consequências colaterais serão imprevisíveis. "Gostava que esta guerra fosse evitada. Mas a atitude do Bush é reveladora de que vai mesmo avançar para um ataque a Iraque", confessa, acrescentado que o Presidente Bush quer instaurar uma alegada democracia no Iraque com recurso às armas.
Para Luís Pedro Brás, gestor de empresas numa concessionária de automóveis na Guarda, "a guerra já existe, embora sem os bombardeamentos. É só olhar pelas movimentações das tropas na zona do Golfo para se ter uma ideia da existência desta guerra". Segundo Brás, a pretexto da libertação do povo iraquiano, os EUA fazem esta guerra como forma de escoar a sua indústria de armamento. "A paz começa em cada um de nós. Como cristão acredito que esta vigília vai contribuir para que esta guerra não se realize", afirma, exortando para "alguma cautela na mediatização dessas manifestações, porque podem ser um reforço importante na postura do Iraque".
No final do evento, e no âmbito do tema que congregou os católicos das diferentes paróquias foram feitas as seguintes propostas de compromisso: "Na família: defender a vida e educar para os valores que conduzem a paz; na escola: dar às crianças, adolescentes e jovens um testemunho de liberdade, responsabilidade, criatividade, partilha e confiança na construção de um presente e de um futuro de paz; na sociedade: promover os direitos do homem como caminho para a verdadeira paz".