António Fidalgo
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O Urbi, ou a UBI, a Urbe e o Orbe
Este título também podia ser "A universidade, a cidade e o
mundo". As universidades surgiram com as cidades medievais, no dizer de Jacques
le Goff. As universidades precisam com efeito de concentrações urbanas
para seu sustento, tanto em gentes, como em riqueza. Por sua vez, as cidades precisam
das universidades para abarcarem todo o orbe em si. É que as cidades, tal
como os homens, não se medem aos palmos ou aos milhões de habitantes,
mas pelo seu cosmopolitismo. Ora pela sua natureza as universidades têm
de ser lugares de universalidade, de re(uni)r a di(versidade) de que é
feito o orbe ou o mundo dos homens.
A universidade é a UBI, a urbe é a Covilhã e o Orbe é
todo o mundo, o real e o das ideias, o mundo do passado, o do presente e o do
futuro, o do possível e o do impossível, o mundo a compreender e
o mundo a transformar, o mundo das línguas clássicas e o das fibras
têxteis, o mundo dos números irreais, das geometrias não euclidianas
e o das obras de engenharia civil, o mundo da filosofia e o mundo das mecânicas
e das electricidades, o mundo da arte e do design e o mundo das doenças
e da saúde. Tudo isso cabe na universidade, tem de caber na universidade,
e com isso é o mundo que ocupa um lugar na cidade e a cidade que se abre
ao mundo.
Outro mérito não tivesse o jornal online Urbi, sempre tem a história
de como uma dada comunidade de docentes e alunos, dedicados ao saber, à
investigação, ao ensinar e ao aprender, vem transformando paulatinamente
uma cidade do Interior de Portugal e de como esta cidade, a Covilhã, vem
dando um cunho próprio a uma instituição universitária.
A Covilhã marcou e marca a UBI, tal como esta marca a cidade e a converte
aos poucos em cidade universitária. O Urbi vem contando há 3 anos,
semana após semana, esta simbiose que já leva mais de duas décadas
e que se espera venha a manter-se por muitos e bons anos.
Três anos na vida de um jornal é motivo de alegria, sem dúvida.
Todos os que o sonhámos, lançámos e fizemos estamos felizes
com mais este aniversário. Mas não é caso para embandeirar
em arco. A existência de um jornal é frágil, e ainda mais
frágil quando existindo unicamente nos bits da Internet. A vida do Urbi
continua ainda a depender de boas vontades, do empenho de alunos e docentes, do
apoio do Reitor, da aceitação dos seus leitores cujo número
tem vindo a aumentar continuamente. Mas à medida dos anos o Urbi vai vivendo
também de si e por si, da força que vai ganhando ao objectivar em
palavras e imagens o como todas as semanas na UBI o orbe entra na urbe.
Essa força própria irá mostrar-se brevemente com o surgimento
da versão em papel do Urbi. Este será, ao princípio, mensal.
Dar-se-á mais um milagre na vida do Urbi, dos bits semanais virá
o papel mensal.
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