Pedro Homero
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Laboratório de experiência jornalística
Quando eu entrei para a UBI, num setembro particularmente frio (ou assim me pareceu)
de 1993, senti a experiência de ter feito um salto no tempo... para trás.
A distância entre Lisboa e Covilhã, a nível tecnológico,
cultural e infra-estrutural era enorme. A maior distância, contudo, parecia
estar a nível de mentalidades - andar na rua com uns 'phones' nos ouvidos
era razão para ser mirado por todos os transeuntes.
Dizer que muita coisa mudou na Covilhã e na UBI seria redutor - é
claro que muita coisa muda em 10 anos, seria muito difícil que isso não
ocorresse. Interessante é notar que a distância que separava a Covilhã
dos grandes centros urbanos portugueses não só se foi desvanecendo
como em certos casos se alterou - os irmãos mais novos dos meus amigos,
e que estudam Ciências da Comunicação em Lisboa (falo dos
exemplos que conheço), vão à BOCC buscar material para estudar
e investigar. Outros - alunos do secundário - querem vir estudar para a
Covilhã. Outros ainda ficaram genuinamente tristes por não terem
sido abertas as vagas para Cinema, o ano passado. Isto era impensável há
uns anos. Além do mais, e como foi recentemente comprovado nas "Jornadas
de Promoção Electrónica - A Internet na Publicitação
das Universidades", são as Universidades do Interior que mais apostam
nos seus sites e que mais trabalham para que a internet reflicta a qualidade do
ensino e investigação que dispõem.
De certa maneira, parece-me fácil verificar o que se passou: por um lado
temos universidades que, sendo pequenas, periféricas e pobres, necessitam
a todo o custo de crescer (num universo em expansão, quem fica parado anda
para trás); por outro temos a criação da utopia digital,
na qual já não são os recursos financeiros e a proximidade
aos grandes centros que 'faz' uma universidade, mas antes a força de vontade
e o valor científico - coisas que a proximidade ao mar e o dinheiro não
compram.
E tudo parece ter tido um grande motor de arranque com o Urbi. O trabalho
já vinha de trás, claro, e o desenvolvimento da UBI nasceu do esforço
de todos os departamentos e serviços e centros, mas creio que a visibilidade,
para o exterior, desse crescimento, surgiu com o Urbi. Creio não
estar em erro ao afirmar que este foi o primeiro jornal universitário online
(e não a versão online de um de papel, entenda-se) a vingar e a
manter-se, ininterruptamente, na internet portuguesa. Sofreu, como tudo o que
é inovador e radical (isto é, como algo que vai à raiz procurar
a mudança, não se ficando pela rama), de uma certa desconfiança
e cepticismo por parte de uma grande fatia do bolo ubiano. Essa fatia, contudo,
foi-se tornando cada vez mais pequena (já nem devem existir migalhas) com
a demonstração, semana após semana (158 até agora),
ano após ano, que de facto este projecto veio para ficar e para de facto
servir a Universidade em geral.
Por outro lado não posso deixar passar ao largo o abandono que outros projectos
vitais para o Curso, nomeadamente a TubiWeb e (sobretudo) a Rubiweb;
estes dois projectos foram criados para mostrar o que se poderia fazer e, ao contrário
do Urbi, não o fazem - são promessas adiadas.
Mas centremo-nos no Urbi @ Orbi - este laboratório de experiência
jornalística para os alunos de Ciências de Comunicação
pode ser isso e mais.
Pode ser um reflexo do crescimento - com virtudes e defeitos - de uma universidade
pequenina que se tornou cada vez maior e mais forte, mas que não se pode
esquecer de continuar a auto-avaliar a sua força no duro circuito universitário
português.
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