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Onde a palavra germina
Quem respira com palavras e vive por dentro a realidade da informação
conhece bem a importância do universo das novas tecnologias como forma de
amplificar a eficácia e o alcance da mensagem. As edições
on-line reforçaram a capacidade da narrativa da informação,
tornaram mais breve a distância temporal entre o acontecimento e o leitor,
abriram novas perspectivas de interactividade entre os produtores da comunicação
social e os seus destinatários. Esse salto qualitativo na galáxia
informativa permitiu, também, novos vôos à edição
em papel, sobretudo na amplidão da pesquisa de informações,
na partilha de conhecimentos, na reactualização actualizante de
matérias editoriais.
Somos, assim, tributários desta nova realidade, como se um "admirável
mundo novo", não aqueles decerto que a ficção científica
antecipou, com o cepticismo de Bradbury ou a inevitabilidade de Orwell,
mas um verdadeiro novo mundo agora companheiro na tarefa, sempre recomeçada,
de seleccionar a realidade naquilo que é essencial, de ajudar a ler o mundo
na sua complexidade, de descodificar a actualidade em tudo aquilo que verdadeiramente
importa à humanidade.
É esse também o desafio do Urbi et Orbi, penso eu, à
medida que, moldado na própria Universidade da Beira Interior, mostrou
capacidade e ousadias como território de pensamento livre e plural, actualizado
e actualizante, impondo-se, como matéria de inquietação e
de leitura, muito para além da matriz originária da própria
universidade, sem nunca deixar de fazer parte do seu rosto.
A isso acresce o horizonte que Urbi et Orbi abriu ao próprio curso
de Comunicação Social, não só como mergulho na própria
realidade da informação, mas também como vector de pluralidade
do pensamento e de promoção cultural.
Tudo isto representa - e estou a pensar em voz alta - uma nova maneira de olhar
e de fazer olhar para a própria realidade que é a Universidade da
Beira Interior, e, para além dela, ou com ela, UBI, a cidade da Covilhã
e a região, que já não são, uma e outra, a ilha shakespeareana
povoada de silêncios, mas um nó de terra onde há cada vez
mais vozes, onde a palavra germina em direcção ao futuro.
*Director do Jornal do Fundão
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