Fernando Paulouro Neves*

Onde a palavra germina


Quem respira com palavras e vive por dentro a realidade da informação conhece bem a importância do universo das novas tecnologias como forma de amplificar a eficácia e o alcance da mensagem. As edições on-line reforçaram a capacidade da narrativa da informação, tornaram mais breve a distância temporal entre o acontecimento e o leitor, abriram novas perspectivas de interactividade entre os produtores da comunicação social e os seus destinatários. Esse salto qualitativo na galáxia informativa permitiu, também, novos vôos à edição em papel, sobretudo na amplidão da pesquisa de informações, na partilha de conhecimentos, na reactualização actualizante de matérias editoriais.
Somos, assim, tributários desta nova realidade, como se um "admirável mundo novo", não aqueles decerto que a ficção científica antecipou, com o cepticismo de Bradbury ou a inevitabilidade de Orwell, mas um verdadeiro novo mundo agora companheiro na tarefa, sempre recomeçada, de seleccionar a realidade naquilo que é essencial, de ajudar a ler o mundo na sua complexidade, de descodificar a actualidade em tudo aquilo que verdadeiramente importa à humanidade.
É esse também o desafio do Urbi et Orbi, penso eu, à medida que, moldado na própria Universidade da Beira Interior, mostrou capacidade e ousadias como território de pensamento livre e plural, actualizado e actualizante, impondo-se, como matéria de inquietação e de leitura, muito para além da matriz originária da própria universidade, sem nunca deixar de fazer parte do seu rosto.
A isso acresce o horizonte que Urbi et Orbi abriu ao próprio curso de Comunicação Social, não só como mergulho na própria realidade da informação, mas também como vector de pluralidade do pensamento e de promoção cultural.
Tudo isto representa - e estou a pensar em voz alta - uma nova maneira de olhar e de fazer olhar para a própria realidade que é a Universidade da Beira Interior, e, para além dela, ou com ela, UBI, a cidade da Covilhã e a região, que já não são, uma e outra, a ilha shakespeareana povoada de silêncios, mas um nó de terra onde há cada vez mais vozes, onde a palavra germina em direcção ao futuro.


*Director do Jornal do Fundão