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a.U. / d.U.
O meu canto da teia global está algures entre este portátil sobrecarregado
de música, filmes e quinquilharia electrónica que tenho aqui em
Madrid e um pequeno nicho de computadores espalhados aqui e ali em Portugal. É
verdade que a Internet faz parte da minha vida há já alguns anos,
mas foi nos últimos meses que assumiu o protagonismo. Como a água
(ok ok, os que me conhecem sabem que seria o cappuccino.......) e o pão,
a minha ligação ADSL (sim, porque nós "os adictos"
deliciamo-nos nestes pequenos refinamentos...) é indiscutivelmente um bem
essencial. O dia começa com o passeio pelas contas de e-mail e um salto
rápido ao messenger, para dar os bons dias a quem esteja. Ao longo da manhã
e da tarde, perco a conta aos w's e @'s que escrevo, na ânsia de ler o que
há de novo neste ou naquele jornal português, de visitar / revisitar
uma ou outra nova página e, claro, de ver quem me escreve e a quem escrever.
E à noite, ao chegar a casa, ligo o messenger como quem acende a lareira
e, recostada no meu cadeirão, vou conversando com os meus amigos portugueses,
com os quais falo tanto ou mais agora que antes, porque nos damos tempo e porque
o messenger tem essa fabulosa magia de permitir que os silêncios não
pesem e que tudo pareça poder ser dito. O último refinamento veio
com o professor Fidalgo - um microfone, uma boa ligação e já
está, temos uma conversa, tal como a entendemos tradicionalmente, tal qual
como se estivéssemos ao telefone! E assim, a quilómetros de distância,
até mesmo em fusos horários diferentes (eheh uma hora mas.......
que charme poder dizer isto!!), discutimos ideias, falamos de trabalho e da vida,
enviamos textos e fotos em tempo real, sentindo nesta peculiar experiência
e partilha uma proximidade aldeã que me transporta para a tal utopia Macluhaniana
que se tem vindo a concretizar no meu quotidiano. E a "culpa" é
do Urbi. Sim, o meu calendário também tem um antes e um depois -
a.U. e d.U.! Antes do Urbi, via os computadores como o passo a seguir na evolução
da máquina de escrever electrónica: tinha ecrã e uma palavra
mal escrita não me arruinava uma folha nem me obrigava a pintalgá-la
com corrector ("stresses" pré-históricos)! Com o Urbi
saí da caverna e as assustadoras sombras transformaram-se neste apaixonante
território que ainda hoje continuo a explorar. As coordenadas da minha
actualidade são dadas pelo on e off do computador, uma vez que é
com ele que trabalho e comunico à distância. E foi também
com ele que deixei de temer a distância, que o próprio sentido de
distância se transmutou em algo completamente diferente, abstracto até.
Depois do Urbi, quebrada a incógnita cibernética, toda a minha evolução,
pessoal mas sobretudo profissional, se moldou a esses novos conhecimentos. Os
três anos que agora completa o Urbi dão-me a percepção
temporal da minha própria evolução. E olhar para o que ele
é hoje, e para o que eu sou hoje, revela-me uma verdade muito simples:
nunca serei "apenas uma leitora" do Urbi. Embora tenha sido sua chefe
de redacção durante os seus primeiros meses na rede, acompanhei
de muito perto, espacialmente falando, a sua evolução durante os
anos seguintes. Estava na mesma sala e, todas as segundas feiras, revia nas minhas
fantásticas "sucessoras" a mesma luta, a mesma dedicação,
o mesmo desespero por vezes, e aquela familiar satisfação de, fosse
a que horas fosse, colocar uma nova edição online. Quando, três
anos passados, fiz as malas e me mudei para Madrid, pensei que tudo ía
mudar mas, como disse, foi o entendimento que tinha de distância que mudou.
Continuo a ler o Urbi, mas não sou uma leitora qualquer. Porque sei o que
é o Urbi. E sobretudo porque o Urbi é parte de mim.
Parabéns à nova Catarina do Urbi, à
Dra. Anabela, que teve mais um menino, ao meu mano, que cumpriu os 18, e ao Prof.
Fidalgo, o nosso "pai galinha", porque com ele, além de muitas
outras coisas, aprendemos que trabalhando podemos transformar ideias em fortes
e duradouras realidades.
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