Urbi et Orbi: Como nasceu a vontade de ser jornalista?
Cristina Marques: A vontade de ser jornalista vem de longa data, desde
que me conheço como gente. Admirava as pessoas que via na televisão,
e gostava de ser como elas. O sonho foi ganhando barbas brancas e, felizmente
acabou por concretizar-se.
U@O: Como iniciou a sua actividade como jornalista?
C.M.: Ainda muito nova comecei a escrever no jornal da terra, "Folha
de Tondela", e quanto mais escrevia mais vontade tinha de ser jornalista.
Fiz a minha formação no liceu a pensar nisso mesmo e mais tarde
enveredei por um curso superior na UBI.
U@O: Porque concorreu para a UBI?
C.M.: Tinha amigos a estudar na UBI e aconselharam-me a Universidade. Falaram-me
muito bem do curso de Ciências da Comunicação.
U@O: O que achou do curso?
C.M.: No início achei que tinha muita teoria. Contudo gostei muito
do terceiro e do quarto anos, uma vez que tínhamos cadeiras mais práticas.
Foi aí que comecei a apreciar o curso.
U@O: Na sua opinião, o curso de Ciências da Comunicação
da UBI deveria ter uma componente mais prática?
C.M.: Sim, acho que deveriam ser introduzidas cadeiras práticas logo
no primeiro ano. Não são só as cadeiras teóricas que
nos ensinam a escrever uma notícia. São necessárias mais
cadeiras que nos levem para o campo, falar com pessoas, retirar experiências.
Isto é essencial para vingar na profissão.
U@O: Como caracteriza a sua passagem pela UBI?
C.M.: Foi uma escola em tudo, e não só dentro das portas da
UBI. Aprendi a ser mais adulta.
"A UBI é uma universidade de eleição."
U@O: O que mais gostou na UBI?
C.M.: Das praxes e de algumas noitadas que ficaram na memória. Dos
professores, porque são marcos para toda a vida. No dia a dia, quando estou
a escrever, há professores que recordo. A UBI marcou-me imenso e considero-a
uma Universidade de eleição.
U@O: O que é que mudou na sua vida depois de ter saído da UBI?
C.M.: A vida agora é completamente diferente. Quando saímos
do meio universitário e entramos no mercado de trabalho passamos para um
mundo que exige maior responsabilidade. Há certas metas para as quais,
se queremos vingar, temos que trabalhar muito. Aquilo que mais fiz nestes dois
últimos anos foi trabalhar, mas é muito gratificante quando o nosso
trabalho é reconhecido. Temos de adquirir novos hábitos e batalhar
imenso.
U@O: Como é que subiu tão rápido na carreira?
C.M.: A imprensa escrita foi sempre a minha grande meta e ao terminar o curso
surgiu a oportunidade de estagiar no "Notícias de Viseu". Apesar
de, na altura, estar a colaborar para o diário da concorrência, na
secção de desporto, optei pelo "Notícias de Viseu".
Infelizmente o jornalismo desportivo ainda é visto como jornalismo de segunda.
Fiz três meses de estágio pelo PRODEP e acabei por ficar como jornalista.
Mais tarde, fui convidada a ocupar o cargo de chefe de redacção.
U@O: Para além de redigir notícias, que outras funções
tem como chefe de redacção?
C.M.: Quando entrei para o "Notícias de Viseu" fazia muito
trabalho de investigação, especialmente reportagens e grandes entrevistas.
Neste momento sobra-me pouco tempo, tenho de fazer a maquete do jornal, organizar
a agenda, distribuir trabalho pelos jornalistas. Oriento os estagiários,
corrijo todos os textos, o que me deixa menos tempo para as notícias. Ainda
assim, faço semanalmente uma entrevista mais alongada a uma personalidade.
Como são trabalhos relativamente intemporais, tenho maior margem de manobra.
U@O: Na sua opinião os alunos da UBI saem bem preparados para o mercado
de trabalho?
C.M.: Depois de ser chefe de redacção já passaram por
mim vários estagiários de Lisboa, Coimbra, Viseu, Guarda. Inclusive
tenho uma antiga colega da Universidade a trabalhar comigo e, se eu avaliar todos
eles, prefiro um jornalista que tenha tido formação na UBI.
U@O: Porquê?
C.M.: Já sabem fazer notícias e o "Urbi et Orbi" facilita
a aprendizagem. Nas aulas aprenderam a teoria e depois foram para o campo, entrevistaram
personalidades e acompanharam diversos acontecimentos. Ao chegarem ao mercado
de trabalho, têm maior background do que outros alunos, que não tiveram
a possibilidade de aprender com a "TUBI" ou o "Urbi et Orbi".
Um jornal on-line e uma televisão interna são, sem dúvida,
extras que beneficiam muito o curso.
"A TUBI e o Urbi são a mais valia da UBI"
U@O: Que perspectivas tem para o futuro?
C.M.: O meu sonho sempre foi a imprensa escrita e é isso que faço.
Também dou uma ajuda na "Rádio Viriato", mas é
na imprensa que me sinto à vontade. Chegar a chefe de redacção
na imprensa regional é muito bom, se tiver em conta que sou muito jovem.
No entanto, os meu objectivos não acabam aqui e gostava de chegar à
imprensa nacional.
U@O: Sente-se realizada profissionalmente?
C.M.: Não estou descontente, mas estou longe de me sentir realizada.
Tenho muito para aprender e inúmeros objectivos para perseguir. Sou muito
jovem e há imensas coisas que ainda quero fazer. Ainda há pouco
deixei a linha de partida.
U@O: Como é que vê o jornalismo actual?
C.M.: A nível nacional, os meios de comunicação tentam
acompanhar a maioria dos acontecimentos, procurando sempre um ângulo que
traga maior sensacionalismo à questão. No fundo é isto que
vende. Dá-se primazia total à história de uma família
que vive numa barraca, porque à partida, o jornalista sabe que é
isto que vai chocar e prender o leitor ou o espectador. Quanto à imprensa
regional, é comandada por lobbies locais. Infelizmente os jornais regionais
vivem de "amizades" e publicidade. É complicado lidar com determinadas
situações. A realidade é bem diferente da perspectiva que
tinha quando estava a tirar o curso.
U@O: Que conselhos dá aos alunos de Ciências da Comunicação?
C.M.: Aproveitem o "Urbi et Orbi" e a "Tubi" que são
uma escola para o futuro e retirem o maior proveito das cadeiras práticas.
Quando chegamos ao mercado de trabalho, a primeira impressão é muito
importante e um aluno da UBI tem a vantagem de levar algum traquejo.
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