José Geraldes
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Caminhos do futuro
Ao longo dos 13 anos de direcção, o objectivo
centrou-se na prioridade de lançar o Notícias da Covilhã nos
caminhos do futuro. Quer nos aspectos tecnológicos, quer redactoriais
E já 90 anos ! Ao evocarmos esta data, solta-nos
um grito de admiração pela coragem dos fundadores de A Democracia
e depois Notícias da Covilhã. Estamos em frente de homens de antes
quebrar que torcer na conhecida expressão do poeta Sá de Miranda.
Houve censura, houve bombas na Redacção e Tipografia, o director
é detido. Desaparece o título original A Democracia, nasce o Notícias
da Covilhã. Com o mesmo empenho e determinação. Sempre na
fidelidade ao lema Deus, Pátria e Liberdade.
A época era difícil a exigir carácter firme e espírito
de luta. Por convicções e princípios. Convicções
e princípios que todos os directores que se sucederam ao longo destes 90
anos, souberam preservar com brilhantismo.
A Democracia não praticava somente um jornalismo a que hoje se chama opinativo
mas também se impôs como uma folha (...) dos interesses locais.
O Notícias da Covilhã assumiu-se como porta-voz dos anseios e aspirações
da Covilhã, da Cova da Beira e da Região, dando o devido destaque
à expressão das várias sensibilidades sociais, rumo que hoje
se mantém.
Folheando os grossos volumes da sua colecção, povoados por milhões
de palavras, encontramos os factos e figuras da cidade por excelência industrial,
as suas histórias quotidianas e a evolução do distrito.
É impossível escrever a história do último século
da Covilhã sem consultar as páginas do nosso semanário.
O Notícias da Covilhã assumiu causas para o serviço da comunidade:
a indústria dos lanifícios, com seus altos e baixos, a sua modernização,
uma nova política urbana, a promoção da Serra da Estrela,
a sua mais valia turística, a criação do Parque Industrial
e mais recentemente o Parkurbis, o Regadio da Cova da Beira, o desenvolvimento
integrado da Cova da Beira, o desenvolvimento regional em todas as suas variantes,
os direitos dos trabalhadores, a agricultura deprimida, a emigração,
o abandono do Interior pelo poder central e a necessidade da instalação
de novas indústrias.
Mas há uma causa pela qual o Notícias da Covilhã se bateu
denodadamente e que bem pode considerar-se o seu ex-libris : o ensino. O desenvolvimento
da Escola Industrial e Comercial Campos Melo ( hoje Escola Secundária)
foi sempre apoiado e incentivado pelo nosso jornal. Mas na Covilhã, a nível
liceal, só existiam os dois primeiros anos do antigo liceu. O Notícias
da Covilhã iniciou uma ampla campanha cujo resultado foi a Covilhã
ganhar todos os graus de ensino, com benefícios inegáveis para toda
a Região.
A campanha deu voz ao grupo promotor do Instituto Politécnico, depois Instituto
Universitário convertido na actual Universidade da Beira Interior.
A Faculdade das Ciências da Saúde mereceu um tratamento especial
com repercussões dos nossos textos nos ministérios, num apoio reforçado
e inequívoco aos esforços de todos os responsáveis parar
levar em frente esta conquista.
Actualmente Notícias da Covilhã patrocina o prémio do melhor
aluno em Ciências da Comunicação da UBI. Todos os anos, um
ou dois alunos deste curso aqui fazem o seu estágio. A actual Redacção
é composta por ex-alunos que aqui encontraram o primeiro emprego. Outros
trabalham em vários meios de comunicação do País.
E temos em vigor um protocolo com o Departamento de Comunicação
e Artes.
O Notícias da Covilhã tem como bilhete de identidade a promoção
dos valores que concorrem para a eminente dignidade humana, claramente assumidos
no Estatuto Editorial : verdade, justiça e solidariedade.
A matriz fundamental do NC assenta na análise e interpretação
dos factos e acontecimentos à luz da fé cristã, referência
que é a sua razão de existir, sem exclusão da pluralidade
de opiniões de todas as correntes sociais.
Os critérios editoriais baseiam-se na procura do rigor, da independência
dos grupos económicos e ideológicos tendo por norma a honestidade
na notícia, honestidade que para Beuve-Méry, fundador do Le Monde
constitui o maior sinal de objectividade e de credibilidade. Para a formação
de uma recta opinião pública.
Não estamos sujeitos aos interesses corporativos, movendo-nos somente o
bem comum. A ética é nossa bússola, sem pactuar com sensacionalismo
barato, nesta selva mediática parafraseando Mário Mesquita,
em que o vale-tudo surge como pretexto para o lucro e a aviltação
humana. Por isso, não abdicamos da auto-regulação nas escolhas
jornalísticas.
Após uma colaboração regular nos finais dos anos 50 e década
de 60, foi como chefe de Redacção nos anos 70 e director a partir
de Janeiro de 90 que nos moveu o projecto de dar novos dinamismos ao NC.
Ao longo dos 13 anos de direcção, o objectivo centrou-se na prioridade
de lançar o Notícias da Covilhã nos caminhos do futuro. Quer
nos aspectos tecnológicos, quer redactoriais. Nunca em decisões
a sós mas em trabalho de equipa, consciente de que um jornal não
é apenas o director mas igualmente todos os que concorrem para a sua edição
a qualquer nível de trabalho, em todas as fases de confecção
até chegar aos assinantes e às bancas.
Temos projectos para tornar o Notícias da Covilhã cada vez melhor
e não nos faltam o ânimo e a vontade para os concretizar. Com profissionalismo
e ousadia. E audácia.
O nosso desejo é continuar a realizar um jornalismo de proximidade onde
as grandes causas da Covilhã, da Cova da Beira, do distrito e da Beira
Interior continuem a marcar presença obrigatória. A pensar nos leitores.
Pelo sonho é que vamos- escreve o poeta Sebastião da
Gama. Para nós, o sonho do futuro já começou.
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