Por Céu Lourenço
NC/Urbi et Orbi




"Desmistificar todo o conjunto de calúnias, mentiras e insinuações que têm sido feitas, directa ou indirectamente, a este Hospital, nomeadamente ao Conselho de Administração". Foi este o principal objectivo da conferência de imprensa promovida pelo Conselho de Administração (CA) do Hospital Amato Lusitano (HAL), na sexta feira passada, 24. Em causa, a transferência do Serviço de Oftalmologia para o Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB).
De acordo com João Gabriel, do HAL, "a questão da oftalmologia começou no ano passado", mas já "em 1998 esta área tinha tido alguns problemas de infecções de olho aberto e fechado". Aquele responsável lembra que este ano houve um ofício enviado pelo director do Serviço de Oftalmologia ao Conselho de Adminstração dizendo que ia suspender as instervenções cirúrgicas de olho aberto "porque começou a aparecer um número de infecções em cada 150 a 200 intervenções".
Apesar das melhorias efectuadas no sistema e de os oftalmologistas continuarem a intervencionar, o "número de infecções continuava acima acima daquilo que é a normalidade, chegando a 2002 com um exagero", refere João Gabriel, recordando que em Maio o CA recebe um outro ofício onde era dito que o Serviço não efectuava mais intervenções.
A lista de espera referentes a cirurgia oftalmológica de olho aberto também não ajudava na resolução do problema. "Quando o Governo decide avançar com o Programa de Combate às Listas de Espera, considerávamos que a Oftalmologia tinha capacidade para operar cerca de mil doentes". Mas, e recorda o responsável do Amato Lusitano, "o Conselho de Adminstração recebe o tal ofício". Nesta altura, já o Serviço encetava contactos com a ARS-Centro e CHCB. "Começámos a protocolar com o Centro Hospitalar um acordo em que este nos emprestava um bloco operatório para onde podíamos levar, não só todo o material necessário, como também a parte humana", esclarece João Gabriel.
"Não estamos a brincar com os doentes, mas sim a tratar a saúde de mil pessoas do distrito de Castelo Branco e foi essa postura que nos levou a este acordo", remata o responsável do Hospital Amato Lusitano.



Comunistas "repudiam" transferência


A Direcção da Organização Regional de Castelo Branco (DORCB) do PCP manifesta indignação e repúdio "pelos recentes acontecimentos do encerramento do Serviço de Oftalmologia sob o pretexto de falta de condições físicas e a transferência de algum equipamento do Hospital Amato Lusitano para o Centro Hospitalar da Cova da Beira". Os comunistas estranham o facto de "só agora, surja o argumento de falta de condições técnicas, sem que se tivessem, entretanto, tomado as medidas necessárias para a resolução estrutural deste problema". E continuam: "As listas de espera de mais de mil utentes não são um problema de hoje".
A DORCB exige, portanto, que "sejam urgentemente realizadas as obras necessárias para dotar o Serviço de Oftalmologia das condições técnicas para o bom funcionamento daquele e para o regresso do equipamento transferido".