João Alves
NC/Urbi et Orbi


A empresa de lanifícios situada na Covilhã, vive uma das maiores crises da sua já longa história

Os credores da Nova Penteação já foram citados pelo Tribunal da Covilhã para justificarem os créditos da empresa. Tendo por base o pedido de recurso ao Processo Especial de Recuperação de Empresas, solicitado pela administração da Nova, o Tribunal citou os cinco principais credores, sendo os restantes notificados a partir de editais. Os credores deverão agora justificar os créditos podem pronunciar-se contra a decisão da empresa, propondo outras medidas para liquidação das dívidas. Porém, até ao momento, ninguém se pronunciou.
Recorde-se que se trata da primeira fase do pedido de recurso ao decreto-lei 132/93, que se refere à Recuperação de Empresas. Mais tarde o Tribunal irá nomear um gestor judicial que fará o levantamento da situação patrimonial e das dívidas da Nova. No prazo de oito meses terá que ser apresentada à Assembleia de Credores uma proposta de recuperação da empresa. Relembre-se que há meses atrás, o Tribunal da Covilhã extinguiu a Providência Cautelar interposta por António Aguilar e Artur Lã Rosa, dois administradores da Nova Penteação que tentavam assim impedir uma operação de financiamento aprovada pelo Conselho de Administração da Empresa, um "lease-back" que envolvia património e parte do parque de máquinas da empresa.
Porém, segundo o Tribunal, a operação de alienação não se podia realizar, até porque a Comissão Executiva do Conselho de Administração, então liderada por Vasco Lino, já estava a negociar com a banca outras formas de financiamento, que envolviam apenas a entrega de garantias bancárias, sem pôr em risco o património da Nova. Só que, os bancos terão acabado por considerar nula a proposta depois de ter sido adiada uma Assembleia de Accionistas, já que a reunião marcada para dias antes, acabou por não se realizar, por falta de quórum. Pelo menos, era isso que referia o presidente do Conselho de Administração, Vasco Lino.
Vasco Lino, no entanto, salientava que a posição dos outros dois administradores era "um aligeirar de responsabilidades". E dizia mesmo que, caso Aguilar e Lã Rosa quizessem invocar o Decreto-Lei 132, "que o implementem". O que acabou por acontecer.
A Nova Penteação, uma das mais emblemáticas empresas da Covilhã, emprega cerca de 600 trabalhadores e é uma das principais fábricas de lanifícios da região. Fundada em 1935 exporta 80 por cento da produção para a Comunidade Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Vive uma das suas maiores crises de sempre, com uma dívida que ronda os 30 milhões de euros, sendo que metade do valor diz respeito a dívidas à banca.