Os credores da Nova Penteação já foram citados pelo Tribunal
da Covilhã para justificarem os créditos da empresa. Tendo por base
o pedido de recurso ao Processo Especial de Recuperação de Empresas,
solicitado pela administração da Nova, o Tribunal citou os cinco
principais credores, sendo os restantes notificados a partir de editais. Os credores
deverão agora justificar os créditos podem pronunciar-se contra
a decisão da empresa, propondo outras medidas para liquidação
das dívidas. Porém, até ao momento, ninguém se pronunciou.
Recorde-se que se trata da primeira fase do pedido de recurso ao decreto-lei 132/93,
que se refere à Recuperação de Empresas. Mais tarde o Tribunal
irá nomear um gestor judicial que fará o levantamento da situação
patrimonial e das dívidas da Nova. No prazo de oito meses terá que
ser apresentada à Assembleia de Credores uma proposta de recuperação
da empresa. Relembre-se que há meses atrás, o Tribunal da Covilhã
extinguiu a Providência Cautelar interposta por António Aguilar e
Artur Lã Rosa, dois administradores da Nova Penteação que
tentavam assim impedir uma operação de financiamento aprovada pelo
Conselho de Administração da Empresa, um "lease-back"
que envolvia património e parte do parque de máquinas da empresa.
Porém, segundo o Tribunal, a operação de alienação
não se podia realizar, até porque a Comissão Executiva do
Conselho de Administração, então liderada por Vasco Lino,
já estava a negociar com a banca outras formas de financiamento, que envolviam
apenas a entrega de garantias bancárias, sem pôr em risco o património
da Nova. Só que, os bancos terão acabado por considerar nula a proposta
depois de ter sido adiada uma Assembleia de Accionistas, já que a reunião
marcada para dias antes, acabou por não se realizar, por falta de quórum.
Pelo menos, era isso que referia o presidente do Conselho de Administração,
Vasco Lino.
Vasco Lino, no entanto, salientava que a posição dos outros dois
administradores era "um aligeirar de responsabilidades". E dizia mesmo
que, caso Aguilar e Lã Rosa quizessem invocar o Decreto-Lei 132, "que
o implementem". O que acabou por acontecer.
A Nova Penteação, uma das mais emblemáticas empresas da Covilhã,
emprega cerca de 600 trabalhadores e é uma das principais fábricas
de lanifícios da região. Fundada em 1935 exporta 80 por cento da
produção para a Comunidade Europeia, Estados Unidos, Canadá
e Austrália. Vive uma das suas maiores crises de sempre, com uma dívida
que ronda os 30 milhões de euros, sendo que metade do valor diz respeito
a dívidas à banca.
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