Por Eduardo Alves


No Centro de Saúde da Covilhã a maioria dos médicos aderiu à greve

O protesto realizado nos passados dias 29, 30 e 31 de Janeiro, pelos profissionais da Saúde, contou com uma forte participação dos médicos da Covilhã. No primeiro dia de greve, dos 35 médicos pertencentes ao Centro de Saúde da Covilhã e às suas extensões, 29 não compareceram no local de trabalho. Dia 30, só nove estiveram a prestar serviços à população, os restantes 26 fizeram greve. No último dia, o protesto foi continuado por 22 profissionais, entre um total de 28.
O projecto aprovado pelo Conselho de Ministros, que prevê um médico para cada cidadão, está a causar divergências entre os profissionais e o ministério que tutela a Saúde.
Jerónimo Leitão, especialista de Clínica Geral, desempenha actualmente as funções de director do Centro de Saúde da Covilhã. Para este médico, "deixar de exigir a especialização, pode ser um retrocesso ao nível dos cuidados primários de Saúde".
A licenciatura em Medicina é feita num período de seis anos. Depois desse tempo, os médicos podem optar por várias especialidades, entre as quais, a de Clínica Geral. Uma escolha que obriga a mais três anos de formação e faz com que os profissionais de Saúde possam lidar, de maneira geral, com todo o tipo de patologias. Esta especialização era exigida a todos os médicos de família. No sentido de acabar com a falta destes profissionais, o ministério da Saúde vai distribuir os médicos existentes em Portugal, mesmo os que não possuem formação em Clínica Geral, pelos cidadãos. Assim, esta especialização será aberta a todos os licenciados em Medicina. Jerónimo Leitão refere que esta não é a melhor solução, porque "neste momento, quer a nível hospitalar, quer a nível dos centros de saúde, nenhum médico pode ser colocado sem ter uma especialidade".
A paragem de três dias, decretada pelos sindicatos do sector da Saúde, teve como objectivo criticar esta nova medida governamental. O director do Centro de Saúde da Covilhã sublinha que enquanto médico, está "solidário com esta greve". Jerónimo Leitão acrescenta que "a não exigência da especialização em Clínica Geral e Medicina Familiar, pode, de algum modo, baixar a qualidade dos serviços prestados à população".