O protesto realizado nos passados dias 29, 30 e 31 de Janeiro, pelos profissionais
da Saúde, contou com uma forte participação dos médicos
da Covilhã. No primeiro dia de greve, dos 35 médicos pertencentes
ao Centro de Saúde da Covilhã e às suas extensões,
29 não compareceram no local de trabalho. Dia 30, só nove estiveram
a prestar serviços à população, os restantes 26 fizeram
greve. No último dia, o protesto foi continuado por 22 profissionais, entre
um total de 28.
O projecto aprovado pelo Conselho de Ministros, que prevê um médico
para cada cidadão, está a causar divergências entre os profissionais
e o ministério que tutela a Saúde.
Jerónimo Leitão, especialista de Clínica Geral, desempenha
actualmente as funções de director do Centro de Saúde da
Covilhã. Para este médico, "deixar de exigir a especialização,
pode ser um retrocesso ao nível dos cuidados primários de Saúde".
A licenciatura em Medicina é feita num período de seis anos. Depois
desse tempo, os médicos podem optar por várias especialidades, entre
as quais, a de Clínica Geral. Uma escolha que obriga a mais três
anos de formação e faz com que os profissionais de Saúde
possam lidar, de maneira geral, com todo o tipo de patologias. Esta especialização
era exigida a todos os médicos de família. No sentido de acabar
com a falta destes profissionais, o ministério da Saúde vai distribuir
os médicos existentes em Portugal, mesmo os que não possuem formação
em Clínica Geral, pelos cidadãos. Assim, esta especialização
será aberta a todos os licenciados em Medicina. Jerónimo Leitão
refere que esta não é a melhor solução, porque "neste
momento, quer a nível hospitalar, quer a nível dos centros de saúde,
nenhum médico pode ser colocado sem ter uma especialidade".
A paragem de três dias, decretada pelos sindicatos do sector da Saúde,
teve como objectivo criticar esta nova medida governamental. O director do Centro
de Saúde da Covilhã sublinha que enquanto médico, está
"solidário com esta greve". Jerónimo Leitão acrescenta
que "a não exigência da especialização em Clínica
Geral e Medicina Familiar, pode, de algum modo, baixar a qualidade dos serviços
prestados à população".
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