Jorge Barata é o coordenador científico do projecto na UBI
Projecto financiado pela União Europeia
UBI estuda combustíveis alternativos

A Universidade da Beira Interior (UBI) está integrada num projecto europeu na área das turbinas de gás. Identificar produtos naturais que possam vir a ser utilizados como combustíveis é o objectivo da iniciativa. O valor global do projecto é de 7 milhões de euros.


Por Catarina Rodrigues


O projecto "Alternative Fuels for Industrial Gas Turbines" (AFTUR) engloba 23 parceiros onde se incluem universidades, centros de investigação, empresas e industrias aeronáuticas de produção de turbinas de gás de toda a Europa. A UBI é a única universidade portuguesa envolvida. A equipa de investigação conta com a participação do Centro de Ciência e Tecnologias Aeroespaciais. O grupo é constituído por 21 pessoas onde se destaca também a colaboração dos Departamentos de Economia e Sociologia.
Jorge Barata, coordenador científico da UBI pelo projecto, explica que "a ideia é reduzir os gases que contribuem para o efeito de estufa". O docente do Departamento de Ciências Aeroespaciais lembra a assinatura do protocolo de Kyoto, segundo o qual, alguns países entre os quais Portugal, se comprometeram a reduzir este tipo de gases. "Actualmente o protocolo está em risco de não ser cumprido caso não sejam tomadas outro tipo de medidas".
Para a produção de calor e electricidade existe a possibilidade de serem utilizados produtos agrícolas como óleo de amendoim e óleo de girassol. Depois de identificados os produtos naturais que podem ser transformados em fontes de energia alternativas, "segue-se o processo de sintetização, porque não é linear passar do produto agrícola para o combustível", explica Jorge Barata.
A utilização da turbina de gás em si, ou seja, como optimizar e efectuar a combustão é outra das partes importantes do projecto. A participação da UBI será unicamente a nível cerebral e computacional. Jorge Barata lamenta não poder trabalhar na parte experimental, "mas falta o equipamento". De qualquer modo o coordenador científico sublinha a importância dos fundamentos teóricos. "As empresas não podem construir uma turbina de gás específica se não tiverem a teoria que permite desenvolver esse trabalho".

"Perspectiva mais social da energia"

O grupo de economia e gestão vai fazer a análise sócio-económica e a viabilidade dos combustíveis. "O cidadão, de uma maneira geral, consome sempre o que é mais fácil de adquirir", lembra Jorge Barata. "Há toda uma batalha a vencer para se começar a utilizar um novo tipo de produtos". O docente lembra que a ideia central do projecto se baseia "numa perspectiva mais social da energia, da combustão e dos processos tecnológicos".
O AFTUR tem um valor global de 7 milhões de euros e é financiado pela União Europeia. A UBI vai receber 102 mil e 500 euros. "Um valor proporcional ao trabalho desenvolvido" frisa o coordenador científico. Recorda ainda que "as despesas da universidade não podem ser comparadas com as despesas das industrias".
No projecto participam várias empresas que vão construir motores de dimensões diferentes para a utilização de novas técnicas. É o caso da ALSTOM Power de Inglaterra, que fabrica turbinas de grande dimensão, a Nuovo Pignone de Itália e a Turbomeca de França. São também várias as universidades europeias, envolvidas no consórcio. Para além da UBI há uma pequena participação do Instituto Superior Técnico. Colaboram ainda no projecto a Universidade de Rouen em França, a Universidade de Zaragoza em Espanha, a Universidade de Agricultura na Grécia, entre outras. O Instituto Francês do Petróleo e o Centro Nacional de Investigação Científica também de França são outros parceiros envolvidos na iniciativa.
Jorge Barata salienta que "um projecto desta natureza é sempre enriquecedor". O contacto com novos métodos de trabalho e até outras formas de ver o próprio ensino é algo que agrada ao docente da UBI.
O projecto tem uma duração de 42 meses. Os primeiros seis são essencialmente dedicados à organização e gestão do trabalho. Jorge Barata explica que tem necessidade de contratar duas pessoas licenciadas a tempo inteiro. Para isso será aberto concurso até 31de Março. Os seleccionados podem começar a trabalhar a partir de 1 de Julho. Cada um vai receber cerca de 24 mil euros por ano.