O projecto "Alternative Fuels for Industrial
Gas Turbines" (AFTUR) engloba 23 parceiros onde se incluem universidades, centros
de investigação, empresas e industrias aeronáuticas de produção
de turbinas de gás de toda a Europa. A UBI é a única universidade
portuguesa envolvida. A equipa de investigação conta com a participação
do Centro de Ciência e Tecnologias Aeroespaciais. O grupo é constituído
por 21 pessoas onde se destaca também a colaboração dos Departamentos
de Economia e Sociologia.
Jorge Barata, coordenador científico da UBI pelo projecto, explica que "a
ideia é reduzir os gases que contribuem para o efeito de estufa". O
docente do Departamento de Ciências Aeroespaciais lembra a assinatura do protocolo
de Kyoto, segundo o qual, alguns países entre os quais Portugal, se comprometeram
a reduzir este tipo de gases. "Actualmente o protocolo está em risco
de não ser cumprido caso não sejam tomadas outro tipo de medidas".
Para a produção de calor e electricidade existe a possibilidade de
serem utilizados produtos agrícolas como óleo de amendoim e óleo
de girassol. Depois de identificados os produtos naturais que podem ser transformados
em fontes de energia alternativas, "segue-se o processo de sintetização,
porque não é linear passar do produto agrícola para o combustível",
explica Jorge Barata.
A utilização da turbina de gás em si, ou seja, como optimizar
e efectuar a combustão é outra das partes importantes do projecto.
A participação da UBI será unicamente a nível cerebral
e computacional. Jorge Barata lamenta não poder trabalhar na parte experimental,
"mas falta o equipamento". De qualquer modo o coordenador científico
sublinha a importância dos fundamentos teóricos. "As empresas
não podem construir uma turbina de gás específica se não
tiverem a teoria que permite desenvolver esse trabalho".
"Perspectiva mais social da energia"
O grupo de economia e gestão vai fazer a análise sócio-económica
e a viabilidade dos combustíveis. "O cidadão, de uma maneira
geral, consome sempre o que é mais fácil de adquirir", lembra
Jorge Barata. "Há toda uma batalha a vencer para se começar
a utilizar um novo tipo de produtos". O docente lembra que a ideia central
do projecto se baseia "numa perspectiva mais social da energia, da combustão
e dos processos tecnológicos".
O AFTUR tem um valor global de 7 milhões de euros e é financiado
pela União Europeia. A UBI vai receber 102 mil e 500 euros. "Um valor
proporcional ao trabalho desenvolvido" frisa o coordenador científico.
Recorda ainda que "as despesas da universidade não podem ser comparadas
com as despesas das industrias".
No projecto participam várias empresas que vão construir motores
de dimensões diferentes para a utilização de novas técnicas.
É o caso da ALSTOM Power de Inglaterra, que fabrica turbinas de grande
dimensão, a Nuovo Pignone de Itália e a Turbomeca de França.
São também várias as universidades europeias, envolvidas
no consórcio. Para além da UBI há uma pequena participação
do Instituto Superior Técnico. Colaboram ainda no projecto a Universidade
de Rouen em França, a Universidade de Zaragoza em Espanha, a Universidade
de Agricultura na Grécia, entre outras. O Instituto Francês do Petróleo
e o Centro Nacional de Investigação Científica também
de França são outros parceiros envolvidos na iniciativa.
Jorge Barata salienta que "um projecto desta natureza é sempre enriquecedor".
O contacto com novos métodos de trabalho e até outras formas de
ver o próprio ensino é algo que agrada ao docente da UBI.
O projecto tem uma duração de 42 meses. Os primeiros seis são
essencialmente dedicados à organização e gestão do
trabalho. Jorge Barata explica que tem necessidade de contratar duas pessoas licenciadas
a tempo inteiro. Para isso será aberto concurso até 31de Março.
Os seleccionados podem começar a trabalhar a partir de 1 de Julho. Cada
um vai receber cerca de 24 mil euros por ano.
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