Praxes Académicas
UBI usa, mas não abusa

Laura Sequeira
NC/Urbi et Orbi


"A vontade de praxar tem vindo a decrescer". A afirmação pertence a Ana Cruz, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), que defende que "a praxe deve ser integração". O tema foi de novo lançado depois de uma aluna do Instituto Piaget ter denunciado um abuso na praxe.
A aluna, que enviou uma carta ao ministro da tutela, garante que foi obrigada a fazer uma simulação de actos sexuais e nudez em público. Pedro Lynce, ministro do Ensino Superior, já pediu instruções à Inspecção Geral da Educação para saber quais os procedimentos a seguir. Segundo Ana Cruz, "hoje em dia já não há abusos na UBI".
"Nem sempre a praxe é feita da melhor forma", refere a dirigente da AAUBI que lembra que este ano só houve um caso denunciado à Associação, mas que foi devidamente tratado. Cristiana Brandão, aluna de Ciências da Comunicação, lembra que os colegas de turma "passaram por coisas que eu considero que são abusos". Segundo a aluna da UBI, "na altura o que lhes disseram é que fazia parte da praxe e que tinham de aguentar".
Na Universidade da Beira Interior, as praxes académicas são reguladas por um código de praxe aprovado em Assembleia Geral de Alunos. O problema põe-se quando a maior parte do alunos não o conhece. Ana Cruz considera que "o código de praxe não é cumprido". Segundo a dirigente académica, "deveria haver uma maior divulgação do código de praxe", uma vez que "se fosse cumprido à letra não haveria casos de abuso".
Por vezes a recepção aos novos alunos pode ser considerada "um abuso de poder da parte de quem praxa", explica Nuno Franco, aluno de Design Multimédia que considera que o "simples facto de perguntar seja o que for ao aluno já é um abuso, mas não é grave porque até pode criar um bom ambiente".
Mário Raposo, vice-reitor da UBI, refere que "a praxe não devia existir". Na opinião do vice-reitor, "os alunos aceitam-na, mas as praxes não têm nada a ver com a universidade, nem podem existir dentro da UBI". "Tendo em atenção aquilo que já aconteceu e se certas situações atingem o nível indicado, alguém tem que fazer alguma coisa para regular, nomeadamente a nível da ética", conclui Mário Raposo.