Os médicos, enfermeiros,
técnicos, administrativos e auxiliares vão ser avaliados. Todos terão
que passar pelo "crivo" da direcção de serviço e
das administrações. E os profissionais do Centro Hospitalar Cova da
Beira S. A. (CHCB) não escapam a este "exame". Basicamente, a medida,
que faz parte da nova lei de gestão hospitalar, consiste em remunerar mais
e melhor quem produz.
No caso dos médicos, enfermeiros e paramédicos, a avaliação
não será a do acto praticado, mas a do número de consultas
realizadas, cirurgias e exames. É esta a "fórmula" do conceito
de produtividade. Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Aministração
do CHCB, não vê qualquer inconveniente nesta medida até porque
é algo que já acontece actualmente. "Aqui não há
novidade nenhuma. O que será novo é a questão de ser a gestão
a avaliar aquilo que está a ser produzido pelos diversos elementos que fazem
parte do grupo", explica, assegurando que a "a gestão não
se vai meter na avaliação da qualidade do acto que o médico,
enfermeiro ou outro técnico realiza". Segundo o responsável máximo
pela Administração do Centro Hospitalar, a gestão terá
que dispôr de mecanismos próprios e adequados para proceder a esse
"exame". O médico salienta, no entanto, que, e apesar da filosofia
de fundo já estar mais ou menos estabelecida, "isto tem que ser feito
com bastante cautela, já que o que se quer é que as coisas funcionem
melhor".
Para o enfermeiro-chefe da unidade hospitalar da Covilhã, Mendes Paulo, esta
avaliação não constituiu qualquer "incómodo".
"Estamos a ser constantemente avaliados. Essa é uma postura que já
existe", esclarece o profissional de saúde. Quanto à "nova"
medida, Mendes Paulo é categórico: "Só pode avaliar determinadas
áreas quem conhece. Não é qualquer pessoa que pode examinar".
Também Orminda Sucena, chefe da secção de pessoal do Centro
Hospitalar Cova da Beira, concorda com esta avaliação, "indispensável
para haver uma boa qualidade dos serviços prestados aos utentes". A
instituição vai sofrer um redimensionamento dos serviços, os
quais serão divididos em departamentos, divisões ou direcções.
"Esses serviços terão um director e uma equipa. Os gestores avaliarão
o trabalho desse director", informa Orminda Sucena. De facto, nem os directores
de serviço e os conselhos de administração escapam a este princípio.
Uns e outros serão "examinados". Se os objectivos não forem
cumpridos, estes podem vir a ser substituídos.
Bolsa de incentivos para os melhores funcionários
Do pacote de medidas que o Ministério da Saúde quer aplicar, destaque
para a bolsa de incentivos que cada hospital terá para dar aos melhores
funcionários. Cada unidade de saúde disporá de uma verba
própria para essa bolsa, definida segundo a sua produtividade. Algo que
Miguel Castelo Branco vê com bons olhos. "Ainda que esteja por regulamentar,
a ideia é que haja um incentivo financeiro como aliciante para que as pessoas
trabalhem mais, mas sem perder de vista a qualidade", salienta. E prossegue:
"Actualmente, o sistema de remunerações da função
pública, onde os médicos e enfermeiros estão envolvidos,
não premeia o trabalho nem o investimento que as pessoas fazem".
A bolsa de incentivos é igualmente aceite de bom grado pela chefe de pessoal.
É que, diz Orminda Sucena, "as informações e classificações
de serviço não fazem a diferenciação daquele funcionário
que trabalha do que não trabalha. E ganham o mesmo". Aquela responsável
defende que esta medida é "muitíssimo" importante, já
que vem premiar quem trabalha e se esforça.
Os critérios desta avaliação já estão a ser
trabalhados por uma empresa privada de consultoria contratada pelo Minsitério
da Saúde. E devem estar prontos até final do primeiro trimestre
do ano para serem aprovados por diploma e aplicados ainda antes do fim de 2003.
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