A Comissão de Utentes da Auto-Estrda da Beira Interior está disposta a participar num movimento de protesto nacional
Comissão de Utentes da Beira Interior pode integrar movimento nacional
"O País não pode ser coberto de portagens"


A incerteza sobre o pagamento de portagens na Auto-Estrada da Beira Interior, poderá levar a que a Comissão de Utentes integre uma Frente Nacional de protesto. População, empresários e poder político regional parecem estar de acordo e todos dizem não ao pagamento de portagens.



Por Catarina Rodrigues


A reintrodução das portagens na CREL colocou na ordem do dia a possibilidade do pagamento de portagens na Auto-Estrada da Beira Interior. Com esta medida tomada pelo Governo de Durão Barroso aumentaram também os protestos. O Diário de Notícias de 2 de Janeiro anunciava a apresentação de uma Frente Nacional Antiportagens marcada para o próximo dia 11. Esse movimento poderá incluir utentes da Grande Lisboa, Grande Porto e Beira Interior.
Jorge Fael, membro fundador da Comissão de Utentes da Auto-Estrada da Beira Interior sublinha que "ainda nada é certo" mas afirma estar disponível para "participar num movimento nacional". Fael salienta que "na última visita que fez ao distrito de Castelo Branco, o secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira de Castro, não disse nem que sim nem que não às portagens no interior do País". O membro fundador da Comissão de Utentes frisa que "face ao fantasma que paira no ar, a acção de cada movimento é importante".
No ano passado este organismo participou num encontro nacional, não só de comissões contra as portagens, mas também em defesa de questões relacionadas com a água, a educação e a saúde. Nesse encontro, onde estiveram presentes vários movimentos, discutiu-se a possibilidade do Governo implementar portagens. "Esta situação não tem fundamentos", refere Jorge Fael, acrescentando que "não há sequer alternativa à Auto-Estrada da Beira Interior".
Miguel Nascimento, vereador da oposição na Câmara Municipal da Covilhã está de acordo com esta ideia. Para o socialista "trata-se de uma questão lamentável sobre uma matéria de interesse nacional". Nascimento considera que não faz sentido uma região tão penalizada economicamente como o interior seja ainda mais prejudicada com as portagens." O autarca lembra que o Governo já teve vários avanços e recuos sobre esta matéria. "A questão orçamental não pode ser resolvida à custa do chamado elo mais fraco", refere o vereador, que se afirma disponível para estar ao lado da Comissão de Utentes ou de outros movimentos que possam surgir.



Todos de acordo

Na sua última vinda ao distrito de Castelo Branco, Vieira de Castro não disse sim, nem não à implementação de portagens no interior do País

Parece haver unanimidade entre utentes e o poder político da região. Todos dizem não às portagens. Alçada Rosa, vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, afirma que a posição da autarquia se mantêm. "Achamos que o interior do País deve ter condições privilegiadas na utilização desta via, na medida em que não existe alternativa", explica. Alçada Rosa sublinha que é fundamental ter auto-estrada, mas "sem que as populações desta zona sejam penalizadas com um serviço que não lhes compete pagar". A Região de Turismo Serra da Estrela e o NERCAB (Núcleo Empresaria do distrito de Castelo Branco), também já se manifestaram contra a implementação de portagens no interior.
Jorge Fael afirma ter recolhido duas mil e 500 assinaturas em apenas um mês. "Por parte da população há disponibilidade em defender um interesse que é de todos", salienta. Este membro da Comissão de Utentes considera importante que todos manifestem a sua posição porque "o País não pode ser coberto de portagens".