António Fidalgo

Cultura do Natal


O sentido religioso do Natal vai-se diluindo à medida em que se converte mais e mais numa mega-operação de consumo em todas as frentes. A cultura do Natal é uma cultura de centro comercial ao som, elevado à náusea, de canções de Natal. O Pai-Natal, as renas, as iluminações pelas ruas das cidades, as promoções, as compras de roupa, perfumes, todo o tipo de presentes, para a noite da consoada, tudo regado com o dinheiro do 13º mês e a crédito, são os elementos desta cultura festivalesca, que esqueceu o sentido original.
O sentido original é na verdade simples. Está contido no Evangelho de S. Lucas, logo no início. Reza o Evangelho que "por aqueles dias, saiu um édito de da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. (...) Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida. E, quando ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria." Lc 2, 1-8.
A história é muito singela, mas não só o sentido da história se esquece como cada vez mais se ignora a própria história. Por isso, a verdadeira cultura do Natal, a de um Deus Menino nascido na pobreza de um estábulo, perde-se e dá lugar a uma cultura de conforto caseiro, aconchegado de uma caridadezinha para os necessitados.