José Geraldes
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Optimismo e crise
Ser optimista dá uma grande ajuda para se ver, com maior clareza, o caminho
a seguir. E as decisões a tomar
São de crise os tempos que vivemos no mundo, em Portugal
e na região. Mas os tempos de crise lançam desafios a que não
se podem voltar as costas. E tempo de crise quer dizer crescimento. E esperança.
A atitude de cruzar os braços perante os acontecimentos é susceptível
de gerar ondas de desânimo. Por isso, apela-se à imaginação
para inventar novas formas de enfrentar os problemas. E de lhes dar solução.
Meter a cabeça na areia como a avestruz ou assobiar para o lado só
leva ao adiamento das questões. É preciso tentar descobrir, contra
ventos e marés, propostas que indiquem um rumo. E sempre na certeza de
que toda a mudança dói. Nos momentos difíceis é que
se revelam os grandes homens. E se exige maior lucidez.
Ser optimista dá uma grande ajuda para se ver, com maior clareza, o caminho
a seguir. E as decisões a tomar.
Rudolph Giuliani que era presidente da Câmara de Nova Iorque no 11 de Setembro
de 2001, baseou-se na filosofia do optimismo para ultrapassar as tremendas dificuldades
surgidas depois do atentado contra as Torres Gémeas. Em conferência
proferida em Lisboa, recentemente, disse uma frase que fez títulos de jornais:
"Os optimistas são mais felizes", "aos pessimistas ninguém
os segue." E lembrou Winston Churchill que sofria de depressões mas
lutava para ser sempre optimista.
Quem é líder e tem responsabilidades sociais, não se pode
deixar abater nem decidir à base de emoções negativas. Embora
António Damásio em livro célebre defenda que não há
decisões sem emoção, a última palavra depende sempre
de uma análise à base da razão em que evidentemente a emoção
tem o seu lugar mas numa perspectiva optimista.
Há situações na vida que pela sua natureza convidam ao pessimismo
e à depressão. É o caso do desemprego, essa chaga social
que perturba muitos sonhos e que entrou em muitos lares da nossa região.
E que veio destruir projectos inacabados.
Mas também o desemprego tem de ser gerido em termos de razão. Encarado
com optimismo alimenta ainda um futuro onde se possa ver o sol brilhar à
espera que a economia dê um salto em frente. É verdade que "o
emprego existente se tornou mais precário e instável" como
afirmam os bispos na Nota Pastoral sobre o Código do Trabalho. E que a
"agudização da competitividade, a inovação tecnológica,
a expansão espectacular das telecomunicações, enfim, o conhecido
fenómeno da globalização (...) parecem pôr em causa
o que a Europa tinha como aquisições assentes em bases firmes e
duráveis : emprego generalizado, estável e bem remunerado, e um
sistema de protecção social apto a defender os cidadãos,
sobretudo os trabalhadores, dos principais riscos sociais."
Mas para que haja emprego precisam-se empresas saudáveis. E empresários
de vistas largas. Hoje a produtividade tornou-se num campo de batalha a exigir
das empresas e dos trabalhadores esforços gigantescos.
E, face à concorrência dos países de Leste, uma nova mentalidade
se impõe. E, no que nos diz respeito, a interioridade é tradicionalmente
um obstáculo a vencer.
Já passamos e vamos ter dias difíceis. Mas não nos podemos
deixar vencer pelo pessimismo. As sociedades em transformação também
sofrem as dores de parto. Depois vem uma vida nova.
O natal que se aproxima, anuncia-nos a esperança de novos tempos. E comunica-nos
a mensagem de que só o amor abre caminhos de salvação.
A estrela de Belém irradia a luz e cala a voz dos profetas da desgraça.
O Menino que vai nascer, é o sinal do nosso optimismo.
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