Pilotos da Covilhã no Nacional de Rallycross
Equipa de "David's" em prova de Golias
A última época correu melhor que
o previsto e, por isso, os três pilotos covilhanenses a correr no Nacional
de Rallycross elevaram a fasquia. Para 2003 são precisos carros melhores
e, acima de tudo, mais patrocinadores.
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Por Alexandre Silva
NC/Urbi et Orbi
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O ano de 2002 foi de regozijo para o automobilismo na Covilhã. Para além
de inúmeros raides organizados por privados, a Rampa da Serra da Estrela
foi incluída no Europeu de Montanha e três pilotos da cidade fizeram
furor na Taça Nacional de Rallycross.
Paulo Dias sagrou-se Campeão Nacional da Divisão I em duas rodas
motrizes, depois de um segundo lugar na geral, e Rui Raposo ficar na posição
seguinte. Jaime Soares, perseguido pelo azar em várias provas, conseguiu,
ainda assim, a quinta posição da geral. "Fomos os Davides num
campeonato de Golias", resume Paulo Dias em tom de metáfora. A época,
esclarece, "correu de uma forma muito positiva. Até mesmo superior
às nossas espectativas e àquilo que tínhamos projectado".
Os três pilotos reconhecem que, "entre muitos azares" até
foram "bafejados pela sorte". Mas, advertem, "o segredo do êxito
residiu, essencialmente, no esforço da equipa, que não foi tão
pouco quanto isso". Jaime Soares foi obrigado a mudar de motor devido a problemas
com a anterior mecânica do seu Renault 5, Paulo Dias e Rui Raposo tiveram
vários incidentes e bateram por diversas vezes. Situações
que só forma ultrapassadas, dizem, com a união e empenho de todos
quantos constituem a equipa. "Fizemos noitadas a reparar as viaturas, mesmo
em vésperas da competição", lembra Nuno Malaca, um dos
elementos que, jornada a jornada integra o grupo que acompanha os pilotos. Apesar
de ainda não estar constituída a nível oficial, a equipa
covilhanense integra vários membros com as mais variadas valências,
que vão do conhecimento mecânico à culinária, mas que
têm, segundo Paulo Dias, "um denominador comum: o gosto pelo automobilismo
e pela competição". Ainda assim, a "matilha", como
lhe chama Malaca, ainda não está completa. Os pilotos acreditam
que há mais gente na região com queda para o desporto automóvel
e que a sua equipa pode funcionar como catalizador para que essas pessoas integrem
o Nacional. A base, pelo menos, está lançada.
Patrocínios precisam-se
O principal problema da última época prendeu-se, sobretudo, com
a falta de patriocinadores. A participação regular no calendário
nacional implica custos relativamente elevados e gastos inesperados porque há
toques, "capotanços", motores partidos e uma infinidade de potenciais
avarias, e quase tudo foi suportado pelo recurso a fundos próprios. Rui
Raposo foi quem conseguiu mais apoios e, mesmo assim, não chegaram para
cobrir metade do orçamento total. Jaime Soares e Rui Dias, por outro lado,
tiveram que entrar com mais de 90 por cento.
Com o sucesso alcançado este ano, os pilotos esperam cativar novos investidores.
Para já, estão a decorrer negociações com um potencial
patrocinador "de peso". "As coisas estão a decorrer a bom
ritmo e as expectativas são boas". Se tal se concretizar, a equipa
passa a ter a garantia de investir menos do próprio bolso e assegura material
de melhor qualidade que permite um maior equilíbrio competitivo na próxima
temporada.
Aliás, a equipa está a pensar já na aquisição
de duas viaturas com tracção às quatro rodas, para Paulo
Dias e Jaime Soares. Rui Raposo, fica-se pelas duas rodas motrizes, mas também
vai apostar numa motorização mais forte. A época começa
em final de Fevereiro próximo mas para a equipa beirã "não
há tempo para descansar". E o facto de o último ano ter corrido
tão bem obrigou a subir a fasquia das perspectivas para 2003. Paulo Dias
anuncia que vai correr pelo primeiro lugar de absolutos depois de ter vencido
o de duas rodas motrizes. Ainda assim, Jaime Soares e Rui Raposo vão deixando
o aviso: "Vamos correr para ficar à frente dele".
Recuperar tradição automóvel
do concelho
Com uma grande tradição no automobilismo, a região da tem
assistido nos último tempos a muito poucas manifestações
desportivas, principalmente depois do fim da Rampa da Serra da Estrela. Com o
regresso da prova ao Nacional e, em 2002, ao Europeu de Montanha, as esperanças
na recuperação dessa expressão automobilística perdida
renasce. "Há grandes valores no concelho que podem despertar num futuro
próximo", defende Paulo Dias. "Gostaríamos que fosse já
no próximo ano e não nos importáva-mos de os auxiliar no
que fosse preciso", acrescenta Jaime Soares.
Aliás, um dos objectivos mais anbiciosos do colectivo, é formar
uma espécie de clube com pilotos e aficcionados do automobilismo do concelho.
Uma estrutura que reunisse toda a gente que gosta de automóveis "para
congregar esforços e desenvolver o desporto nas suas várias modalidades,
com uma sede onde pudessemos reunir", explica Dias. É um projecto
que está ainda em fase de germinação, mas já houve
contactos para avaliar a possibilidade da sua concretização. Para
a equipa serrana, esta é uma estrutura essencial, "porque teria muito
mais autoridade pararepresentar os pilotos e as equipas junto de potenciais patrocinadores
e entidades civis. Para já, os pilotos da região correm "pela"
Escuderia de Castelo Branco, porque é o clube automóvel mais representativo
da região, mas o sonho dos três pilotos beirões é,
dizem, "hastear a bandeira da cidade na sua "boxe" pelos circuitos
de todo o País".
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