O livro de Odete Santos é constituído por um conjunto de poemas de intervenção
Na sede do Partido Comunista
"A poesia é uma arma"

Na apresentação do seu livro, uma colectânea de vários autores, Odete Santos adverte para a importância que a "poesia de luta" sempre teve e lamenta o esquecimento de alguns poetas.


Por Ana Rodrigues


Reunir os poemas que mais a marcaram para os dar a conhecer foi a intenção de Odete Santos para a publicação do seu livro "A argamassa dos poemas". A deputada comunista deslocou-se à Covilhã no passado dia 12, quinta feira, onde fez a apresentação do livro, no Centro de Trabalho do partido.
A iniciativa partiu da Juventude Comunista local, no âmbito da quarta edição da feira do livro, a decorrer até final do mês.
Manuel Reis, da Editora Ausência, diz que a ideia do convite para este projecto surgiu quando "alguém da editora viu num telejornal, em campanha eleitoral, a deputada num palanque a declamar poesia de Ary dos Santos".
O livro é constituído por um conjunto de poemas de intervenção, e traz um CD com 22 deles, de vários autores, ditos por Odete Santos.
Os poemas estão agrupados por assuntos e a deputada inicia cada temática com reflexões sobre problemas concretos. "A argamassa são as notas do livro" explica, "é aquilo de que são feitos os poemas, é a realidade, a vida". A este propósito ironizou sobre aquilo que considera serem algumas desigualdades. Na plateia, composta na grande maioria por "camaradas" da mesma cor partidária, as reacções sucediam-se.
Para além da vontade de que certos autores não sejam esquecidos, Odete Santos quis mostrar que "a poesia não é nada de transcendental, é feita de sofrimento e alegrias do ser humano", sublinha. E garante que é também "uma arma carregada de futuro".
O interesse pelos versos já lhe vem desde criança e foi-se consolidando ao longo da vida, sobretudo durante os anos de faculdade, onde ainda escreveu alguns poemas. Mas, com algum humor, confessou ao público presente que lhes faltava originalidade.
Nesta recolha, Odete Santos optou só por poetas portugueses, mas que "dizem respeito a momentos importantes da história de outros países". A sua intervenção terminou com uma manifestação de agrado pelo número de jovens presentes, "o que não é comum, quando se trata de ouvir falar de poesia", observou.
Esta multifacetada política declamou ainda três poemas de forma empolada e emotiva, onde vieram ao de cima os seus dotes teatrais.