A construção de habitações sociais vai prosseguir no próximo ano
PS e CDU abstêm-se
Orçamento de 100 milhões de euros aprovado

O Plano e Orçamento da Câmara Municipal da Covilhã para 2003 foi aprovado. A capacidade de endividamento autarquia está esgotada, mas perante as críticas da oposição, Carlos Pinto assegura que "o concelho pode estar tranquilo".


Por Catarina Rodrigues


A Assembleia Municipal da Covilhã aprovou na passada sexta feira 6, o Plano de Actividades e Orçamento da autarquia para o próximo ano, que ultrapassa os 100 milhões de euros. A maioria PSD e as dez abstenções do PS e da CDU ditaram o resultado.
Nelson Silva do Partido Socialista explica que "este plano inclui um conjunto de obras importantes para o concelho", mas acrescenta, "face à conjuntura económica que se vive é completamente desfasado da realidade apresentarem-se números com esta dimensão".
O socialista salienta ainda que o Plano e Orçamento para 2001 "não está sequer executado a 50 por cento e este dificilmente conseguirá atingir esse nível".
Os comunistas partilham da mesma opinião do grupo parlamentar do PS. Jorge Fael, líder da bancada parlamentar da CDU, reconhece que o plano engloba obras necessárias, mas considera que há prioridades que devem ser reformuladas. O comunista admite por isso que "a CDU ficou no limite da abstenção". Fael salienta que "a Câmara da Covilhã tem em 2003 a sua capacidade de endividamento completamente esgotada e no próximo ano será impossível contrair empréstimos".
Face às críticas da oposição, Carlos Pinto, garante que "o concelho pode estar tranquilo". O presidente da Câmara Municipal da Covilhã explica que se trata de um plano sério e que não conhece planos executados na totalidade. Segundo o autarca há várias razões que justificam a dimensão deste orçamento. É o caso das obras do programa Polis onde se inclui o Jardim do Lago e a Rotunda do Rato.
A Assembleia Municipal aprovou também, por maioria, a contracção de empréstimos para habitação social. Vão nascer mais 71 fogos no Teixoso, 78 no Tortosendo e 12 no Bairro da Biquinha. O PS aplaudiu a iniciativa que Artur Meireles, líder deste grupo parlamentar, considera ser "um combate gigantesco à exclusão social". Jorge Fael, da CDU, compreende esta necessidade, mas não está tão optimista. "O modelo deste tipo de construção não prima pela qualidade, agrega dezenas e dezenas de pessoas sem que haja medidas de integração", salienta.

CDU contra Plano e Orçamento dos SMAS


A construção de duas ETAR's é um dos principais projectos dos SMAS

A CDU votou contra o Plano e Orçamento dos Serviços Municipalizados da Covilhã (SMAS) para o próximo ano, mas o documento foi aprovado com 39 votos a favor, uma abstenção e três votos contra dos comunistas. Este grupo parlamentar não concorda com o projecto apresentado para a despoluição do Rio Zêzere. Os SMAS vão abrir concurso público internacional para a construção de duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR's) na área da Covilhã. Uma irá localizar-se na zona do Covelo e outra no Tortosendo. O concurso inclui ainda a remodelação das ETAR's do Paul e do Dominguiso e a construção de estações de tratamento secundário em Vale Formoso, Orjais, Peraboa, Ferro, Vales do Rio, Coutada e Barco. Os trabalhos estão orçados em oito milhões de euros.
Segundo o edil covilhanense, a construção destas infra-estruturas é a garantia de que, por enquanto, a Covilhã não vai aderir às Águas do Zêzere e Côa.
A empresa escolhida através do concurso público internacional terá, como contrapartida, de celebrar um contrato de exploração do sistema por 15 anos. A CDU discorda do projecto que considera ser a privatização do saneamento e que conduzirá ao aumento das tarifas a aplicar ao consumidor. Segundo Fael, "a autarquia não garante que a privatização é vantajosa". Os SMAS impõem à empresa concessionária um preço base de 20 cêntimos a facturar por cada metro cúbico de água tratada. Actualmente os Serviços Municipalizados cobram 76 cêntimos. Para o comunista "há qualquer coisa que falha, ou os SMAS têm uma gestão deficiente ou o preço apresentado como possível não corresponde à realidade".
O PS tem uma posição diferente nesta matéria. Nelson Silva explica que "a projecção que é feita em termos de obras não suscita dúvidas" e por isso o seu grupo parlamentar votou favoravelmente o Plano e Orçamento dos Serviços Municipalizados.