O acto eleitoral para os corpos sociais da Associação
de Socorros Mútuos "Mutualista Covilhanense" está rodeado
de polémica, e ao que parece, de "irregularidades". Marcadas para
o próximo dia 14, são candidatas duas listas, a denominada "lista
A", encabeçada pelo actual presidente da direcção, Carlos
Mineiro, e a "B", de Ramiro Reis. Este, líder da Assembleia Geral,
acusa a lista de Mineiro de "violar os estatutos", em especial o art.
26º, nº5, uma vez que, explica Ramiro Reis, "entre os nomes apresentados
não pode surgir o de alguém que já tenha cumprido três
mandatos nos órgãos dirigentes". "A própria lei das
Mutualistas o diz", declara Reis.
A resposta do presidente da direcção não demorou muito. Embora
admita que alguns dos nomes que constam da sua lista ultrapassam o limite de mandatos
exercidos, algo que por si só vai contra os estatutos, Mineiro não
percebe porque é que Ramiro Reis "não convocou o órgão
ao qual preside para se pronunciar". "Já no último mandato
concorri nestas circunstâncias e posso sempre fazê-lo desde que a Assembleia
Geral se pronuncie", sustenta Mineiro, remetendo a Reis a "violação
dos estatutos" por "admitir uma pessoa que é sócio há
menos de um ano". E prossegue: "A ele compete-lhe certificar e não
deliberar".
Em declarações ao NC, Carlos Mineiro, adianta que já interpôs
uma Providência Cautelar - que deve ter dado entrada no Tribunal da Covilhã
ontem, quinta-feira, ou hoje, sexta- , com carácter de urgência, para
suspender as eleições e declarar nula a decisão do presidente
da Assembleia Geral, o qual recusou a admissão da sua lista. Tal Providência
pretende ainda a declaração de nulabilidade da lista de Ramiro Reis
por irregularidades face aos estatutos da Associação de Socorros Mútuos.
"Está a ser juíz em causa própria, pois a sua lista nem
sequer pode ser admitida ao acto eleitoral", salienta o presidente da direcção
da Mutualista, advogando que está a ser "orquestrada uma campanha de
difamação" contra si e a sua lista.
Eleições "põem a descoberto" hipotecas do Centro
Comunitário
O diferendo entre os candidatos à direcção da Associação
de Socorros Mútuos "Mutualista Covilhanense" trouxe à
tona a situação financeira da instituição, que de
acordo com Ramiro Reis, é "preocupante". "A saúde
financeira da Associação não é muito famosa. O Centro
Comunitário tem três hipotecas, no valor de cerca de 450 mil euros",
revela Reis. Segundo o líder da Assembleia Geral, tais hipotecas, contraídas
à Caixa Geral de Depósitos, dizem respeito à aquisição
do edifício onde está localizado o Centro Comunitário de
Apoio, pagamento das obras e equipamentos. Ramiro vai mais além e declara
que dos actuais 40 utentes que frequentam o Centro "quase nenhum é
associado" e que "estão a ser pedidos 450 euros aos sócios,
uma quantia muito elevada, o que leva a que nunca entrem". A situação,
continua, é originada pelo facto de "nem sequer existir um regulamento
de benefícios ou admissão", levando a que "donativos"
sejam o único critério de entrada de utentes.
Mineiro refuta as acusações, afirmando que, e no que concerne ao
regulamento de admissão, "por força da Lei, as valências
de Lar e Centro de Dia, estão abertas à comunidade em geral".
Já que no respeita aos donativos e perante um investimento desta "grandeza",
apesar "de nunca termos pedido nada, aceitamos qualquer apoio de bom grado".
Quanto às hipotecas, o presidente da direcção explica que
"o empreendimento feito teve que ser executado em empréstimos",
frisando que "tudo foi decidido em Assembleia Geral". Reconhecendo que
a "situação não é desafogada", sublinha
que está "controlada". "Isto é pura hipocrisia. A
instituição e o seu bom nome são os únicos prejudicados.
Actuem dentro dos estatutos e dos parâmetros", remata Mineiro.
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