Carlos Mineiro apresentou uma Providência Cautelar para anular as eleições
Polémica nas eleições da mutualista
Candidatos à direcção trocam acusações

As eleições na Mutualista Covilhanense estão envoltas em polémica. Os candidados trocam acusações e denúncias. Ramiro Reis não aceitou a lista de Carlos Mineiro. E este apresentou uma Providência Cautelar para suspender o acto eleitoral.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


O acto eleitoral para os corpos sociais da Associação de Socorros Mútuos "Mutualista Covilhanense" está rodeado de polémica, e ao que parece, de "irregularidades". Marcadas para o próximo dia 14, são candidatas duas listas, a denominada "lista A", encabeçada pelo actual presidente da direcção, Carlos Mineiro, e a "B", de Ramiro Reis. Este, líder da Assembleia Geral, acusa a lista de Mineiro de "violar os estatutos", em especial o art. 26º, nº5, uma vez que, explica Ramiro Reis, "entre os nomes apresentados não pode surgir o de alguém que já tenha cumprido três mandatos nos órgãos dirigentes". "A própria lei das Mutualistas o diz", declara Reis.
A resposta do presidente da direcção não demorou muito. Embora admita que alguns dos nomes que constam da sua lista ultrapassam o limite de mandatos exercidos, algo que por si só vai contra os estatutos, Mineiro não percebe porque é que Ramiro Reis "não convocou o órgão ao qual preside para se pronunciar". "Já no último mandato concorri nestas circunstâncias e posso sempre fazê-lo desde que a Assembleia Geral se pronuncie", sustenta Mineiro, remetendo a Reis a "violação dos estatutos" por "admitir uma pessoa que é sócio há menos de um ano". E prossegue: "A ele compete-lhe certificar e não deliberar".
Em declarações ao NC, Carlos Mineiro, adianta que já interpôs uma Providência Cautelar - que deve ter dado entrada no Tribunal da Covilhã ontem, quinta-feira, ou hoje, sexta- , com carácter de urgência, para suspender as eleições e declarar nula a decisão do presidente da Assembleia Geral, o qual recusou a admissão da sua lista. Tal Providência pretende ainda a declaração de nulabilidade da lista de Ramiro Reis por irregularidades face aos estatutos da Associação de Socorros Mútuos. "Está a ser juíz em causa própria, pois a sua lista nem sequer pode ser admitida ao acto eleitoral", salienta o presidente da direcção da Mutualista, advogando que está a ser "orquestrada uma campanha de difamação" contra si e a sua lista.

Eleições "põem a descoberto" hipotecas do Centro Comunitário

O diferendo entre os candidatos à direcção da Associação de Socorros Mútuos "Mutualista Covilhanense" trouxe à tona a situação financeira da instituição, que de acordo com Ramiro Reis, é "preocupante". "A saúde financeira da Associação não é muito famosa. O Centro Comunitário tem três hipotecas, no valor de cerca de 450 mil euros", revela Reis. Segundo o líder da Assembleia Geral, tais hipotecas, contraídas à Caixa Geral de Depósitos, dizem respeito à aquisição do edifício onde está localizado o Centro Comunitário de Apoio, pagamento das obras e equipamentos. Ramiro vai mais além e declara que dos actuais 40 utentes que frequentam o Centro "quase nenhum é associado" e que "estão a ser pedidos 450 euros aos sócios, uma quantia muito elevada, o que leva a que nunca entrem". A situação, continua, é originada pelo facto de "nem sequer existir um regulamento de benefícios ou admissão", levando a que "donativos" sejam o único critério de entrada de utentes.
Mineiro refuta as acusações, afirmando que, e no que concerne ao regulamento de admissão, "por força da Lei, as valências de Lar e Centro de Dia, estão abertas à comunidade em geral". Já que no respeita aos donativos e perante um investimento desta "grandeza", apesar "de nunca termos pedido nada, aceitamos qualquer apoio de bom grado". Quanto às hipotecas, o presidente da direcção explica que "o empreendimento feito teve que ser executado em empréstimos", frisando que "tudo foi decidido em Assembleia Geral". Reconhecendo que a "situação não é desafogada", sublinha que está "controlada". "Isto é pura hipocrisia. A instituição e o seu bom nome são os únicos prejudicados. Actuem dentro dos estatutos e dos parâmetros", remata Mineiro.