Por Catarina Rodrigues



O projecto de construção das instalações definitivas da Faculdade de Medicina apenas aguarda a aprovação da tutela para se proceder à abertura de concurso

O financiamento para o Centro de Investigação em Ciências da Saúde foi um dos temas focados na abertura solene do Ano Académico da Universidade da Beira Interior que teve lugar no passado dia 26 de Novembro. Uma cerimónia que decorreu no anfiteatro das Sessões Solenes. Segundo o reitor Santos Silva este centro "está minimamente aprovado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e irá começar a ter financiamento no final deste ano ou início do próximo". Também nessa altura são aguardadas as obras na nova Faculdade de Medicina. O projecto realizado espera apenas a aprovação da tutela para se proceder à abertura do concurso.
Santos Silva lembra que "apesar da Faculdade dispor neste momento de instalações provisórias dignas e bem apetrechadas, estas dificilmente comportarão alunos para além do 3º ano da licenciatura". A construção das instalações definitivas junto ao Centro Hospitalar Cova da Beira é assim uma prioridade. O secretário de Estado da Ciência e da Tecnologia, Manuel Fernandes Thomaz, esteve presente na cerimónia e explicou que as dificuldades financeiras que o país atravessa levaram à aplicação por parte do Governo de "critérios rigorosos para a atribuição das verbas". As Ciências da Saúde têm uma "utilidade especial" e por isso é uma área onde tem de ser feito um maior investimento, explica o secretário de Estado.
A Faculdade de Ciências da Saúde e o Complexo Desportivo de Ciências do Desporto são os dois empreendimentos inscritos no Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Pública (PIDDAC) 2002. O complexo desportivo será mais um dos projectos a concretizar em 2003. No decorrer deste ano lectivo o reitor assegura ainda a inauguração da nova residência com cerca de 400 camas. Uma obra que partiu da recuperação da antiga fábrica Roque Cabral, junto ao Pólo IV.
No PIDDAC deste ano foram congelados alguns empreendimentos desejados pela universidade. É o caso dos Serviços Centrais da Reitoria. Um espaço que Santos Silva espera ver concretizado em 2004. "Se não for incluído no PIDDAC avançará com receitas próprias", assegura.


Santos Silva, reitor da UBI e Manuel Thomaz, secretário de Estado da Ciência e Tecnologia



Serviços Técnicos têm nova casa

No dia da abertura solene do Ano Académico foi inaugurado o novo edifício dos Serviços Técnicos da Universidade. A obra no valor de 410 mil euros foi conseguida com receitas próprias da UBI. Resulta da recuperação de uma antiga fábrica de lanifícios, um espaço adquirido em 2001 por 125 mil euros.
Santos Silva pediu ao Governo "medidas de discriminação positiva que permitam a fixação de empresas no interior do país" e chamou a atenção para a importância da interacção das mesmas com a universidade.
O reitor não deixou de lamentar que em 2002 não tenham sido atribuídas vagas à licenciatura em Cinema na UBI, para a qual se têm vindo a formar docentes e a criar as infra-estruturas necessárias.
Santos Silva lembrou a questão da importância do financiamento para as universidades. Este ano, "os gastos com o pessoal na UBI representarão mais de 90 por cento do Orçamento de Estado transferido", explica. O reitor considera que deve ser preservado o princípio da fórmula de financiamento atendendo às especificidades das universidades.


 



Medicina adequada aos tempos modernos

Júlio Fermoso Garcia apresentou a oração de Sapiência



"Um novo médico para um novo século", foi o título da Oração de Sapiência apresentada por Júlio Fermoso Garcia na cerimónia de abertura do ano lectivo. O professor Catedrático Convidado e Conselheiro Científico da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI e ex-reitor da Universidade de Salamanca, expôs algumas das mudanças ocorridas através dos tempos na Medicina e no que é ser médico. O objectivo foi chegar à concepção da necessidade de um novo tipo de profissional, adequado aos tempos modernos.
Júlio Garcia não esqueceu a evolução tecnológica que se tem verificado e que tem facilitado o diagnóstico das doenças e a melhoria da prevenção e tratamento das mesmas. O ex-reitor da Universidade de Salamanca sublinhou que "a formação dos futuros médicos deve ser uma responsabilidade partilhada pelos sectores educativo e de saúde". Júlio Fermoso Garcia acrescenta que "a responsabilidade de formar médicos não pode recair apenas na Universidade". No final o professor fez votos de que a nova Faculdade de Ciências da Saúde saiba reter do passado o que deve permanecer, mas que ao mesmo seja inovadora.