Um grupo de revendedores de gás butano e propano (botija) da Beira Interior
vai manifestar-se em Lisboa na próxima quarta-feira, 4 de Dezembro. Isto
porque, explica José António Pinho, empresário da Covilhã,
"os comerciantes de gás consideram-se alvos de concorrência
desleal por parte das empresas distribuidoras de gás natural". Uma
situação que, denuncia o empresário, "acontece com o
aval e a cumplicidade do Estado Português".
Na base da contestação dos revendedores está o facto de o
gás natural beneficiar de uma taxa de IVA de apenas 5 por cento, ao passo
que no butano e no propano o valor aplicado é de 19 por cento. Na opinião
de Pinho, "isto é uma ilegalidade, porque o Estado Português
não solicitou, tal como devia, autorização à União
Europeia para aplicar a taxa mínima ao gás natural". Para os
vendedores de gás em botija trata-se "de um favorecimento descarado
numa sociedade democrática que proclama a livre concorrência".
O que o grupo de contestatários pretende é que haja um tratamento
igual e uma harmonização do IVA, tal como em Espanha, onde ambos
(gás natural e butano/propano) pagam 16 por cento. O movimento dos revendedores
lembra ainda que, a reduzida taxa aplicada ao gás natural retira dos cofres
de estado milhões de euros o que, advogam, "é preocupante numa
altura em que não há dinheiro para a saúde, para a educação
e para a habitação social". Neste aspecto, José António
Pinho sublinha a importância dos distribuidores espalhados pelo País
que, "até costumam fiar gaz aos clientes". Com o canalizado,
diz, "isso não acontece e, por isso, os problemas sociais são
agravados".
Os comerciantes temem que se esteja a favorecer a criação de um
monopólio, uma vez que as dez empresas concessionárias do gás
natural, embora com nomes diferentes "pertencem todas à GALP",
tal como, denuncia Pinho, "as empresas contratadas para fiscalizar as obras
de instalação e abastecimento".
Os revendedores afirmam não ter receio do gás natural desde que
todos tenham os mesmos direitos e obrigações. Por isso, o grupo
vai não só manifestar-se na capital do País, mas também
pedir uma audiência com a Ministra da Finanças, Manuela Ferreira
Leite, no sentido de "demonstrar a justeza dos argumentos" dos revendedores.
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