O auditório das Juntas de Freguesia da Covilhã recebeu na última
sexta feira, 21, uma sessão de esclarecimento sobre micro, pequenas e médias
empresas (PME's). O encontro, organizado pela concelhia da Covilhã do Partido
Comunista, teve a participação de Agostinho Lopes, membro da comissão
política do PCP.
Agostinho Lopes identificou alguns problemas presentes no grupo empresarial das
PME's. Definiu o Orçamento de Estado como "muito restritivo, e negativo
sob o aspecto fiscal." Considerou prejudiciais as alterações
efectuadas no IRC, sobretudo, o aumento do valor mínimo a pagar, quase
três vezes superior ao anterior. O imposto foi também dito "socialmente
injusto, porque não só penaliza os pequenos empresários,
como simultaneamente a generalidade dos trabalhadores, ao não actualizar
sucessivamente a taxa de IRS para opor-se à previsível taxa de inflação."Os
efeitos restritivos do Orçamento também se verificam na redução
do poder de compra dos portugueses".
Distribuição de fundos comunitários
A distribuição dos fundos comunitários foi outra questão
suscitada por Agostinho Lopes. O país vai continuar a receber verbas significativas
para o seu desenvolvimento económico, ao abrigo do terceiro pacto comunitário
de apoio. Mas criticou a gestão desses fundos porque "têm sido
distribuídos em benefício dos grandes grupos económicos do
país. Os próprios relatórios da comunidade europeia afirmam
que é o Estado português aquele que distribui a menor percentagem
de fundos comunitários pelas suas micro, pequenas e médias empresas.
Apenas cinco por cento da totalidade, contra a média comunitária,
que se situa nos 20 por cento."
Mas também nas ajudas proporcionados pelo próprio Estado, foi possível
verificar "que as empresas portuguesas são as que são menos
apoiadas. No período 97/2000, a média portuguesa foi inferior a
1/3 da média comunitária. O discurso dos agricultores e empresários
portugueses, as suas exigências, são legítimas através
da análise destes números.
Agostinho Lopes defendeu ser importante "saber para onde vão essas
ajudas, se estão a fortalecer o tecido económico do país,
ou se, pelo contrário, são direccionadas para os grandes grupos
económicos nacionais."
Por fim, considerou a distribuição dos fundos monetários
"completamente irracional", ou seja, "as regiões com um
desenvolvimento per capita menor deviam receber os maiores apoios, facto que infelizmente
não sucede".
O debate sobre o recente organismo desenvolvido pelo Governo, a agência
portuguesa para o investimento, que desempenha a função de "captar
o capital estrangeiro e a gestão dos grandes investimentos nacionais",
serviu igualmente para ilustrar a "negligência na distribuição
de fundos e apoios presentes no passado".
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