Os dois administradores da Nova Penteação, António Aguilar
e Artur Lã Rosa, que apresentaram uma Providência Cautelar à
empresa, dizem que o único caminho que a Nova tem que seguir é a
apresentação aos credores, ao abrigo do Decreto Lei 132, que assim
permitirá "evitar a falência e manter os postos de trabalho.
Contudo, alguém que não os signatários pretende outra solução"
explicam.
Estes dois responsáveis da empresa dizem que têm sido vítimas
de uma campanha que visa denegri-los e justificar incapacidades, incompetências
e erros de outros. Num comunicado de duas páginas, Aguilar e Lã
Rosa explicam que em Novembro de 1999, quando a maioria dos accionistas decidiu
a entrada de Sérgio Silva e Silva Couto para o Conselho de Administração,
a Nova tinha clientes, encomendas, ganhava dinheiro que assegurava o futuro da
empresa e dos seus trabalhadores. Porém, a partir daí "a sociedade
começou a inverter a sua curva ascendente", embora isso não
impedisse "a aquisição de bens de consumo rápido, como
automóveis e obras nos escritórios, que atingiram os 90 mil contos".
Desde então, a queda foi evidente, dizem os administradores. Entre Outubro
de 99 e Setembro de 2000, a Nova vendeu "menos cerca de 600 mil contos (três
milhões de euros)" e no ano 2000 perdeu "mais de 800 mil contos
(quatro milhões de euros)". Em Dezembro de 2001, o endividamento da
empresa atingia os seis milhões de contos (30 milhões de euros).
Contra a delapidação do património
Aguilar e Lã Rosa afirmam que queriam inverter a situação,
mas que tal só poderia acontecer de acordo com a Lei e em colaboração
com credores e trabalhadores. Porém, a maioria do Conselho de Administração
aprovou um contrato de "leasback" pelo qual pagaria a totalidade dos
débitos bancários, cerca de metade do débito total, "entregando
aos bancos os edifícios da fábrica nova e fábrica velha e
a quase totalidade das máquinas". Estas regressariam à empresa,
num prazo de dez anos, caso houvesse garantias bancárias. Porém,
esta medida que acolheu a maioria das opiniões positivas dos administradores
não foi do agrado de Aguilar e Rosa Lã, que discordaram por entenderem
que "os credores devem ser tratados todos de igual maneira. Uma sociedade
sem activo não merece a confiança dos fornecedores, nem garante
os trabalhadores". Por isso, intentaram uma Providência Cautelar. "Esta
acção destinava-se a impedir determinados actos, como a delapidação
do património. Com este contrato, a empresa ficava só com dívidas
e trabalhadores. A empresa está praticamente parada e não lhe resta
outra coisa que entregar-se aos credores. O 132 é um último recurso"
explica António Aguilar
Vasco Lino demite-se
Com dívidas à Banca, Segurança Social, Estado, EDP, TMN,
PT e companhias de seguros, os dois administradores dizem ser inconcebível
entregar os bens "a um grupo de credores, o que inviabiliza muitas coisas,
como o pagamento de indmnizações a trabalhadores" afirma Aguilar.
Segundo Lã Rosa, o "leasback" apenas iria permitir um encaixe
financeiro de 275 mil contos, uma verba insuficiente já que "são
precisos dois milhões e meio de contos para pôr a empresa a funcionar.
Não havia nesta operação vontade de viabilizar a empresa.
Sem esta medida, é certo que continua com dívidas, com trabalhadores,
mas com património que ainda é valioso". Com o Decreto Lei
132, os dois administradores confiam que poderão chegar os parceiros ideais
para injectar capital na empresa, de modo a que esta possa ser viabilizada. "A
Nova tem instalações modernas, equipamento moderno e acaba por ser
apetecível para o investidor" explica António Aguilar. Apesar
do presidente do Conselho de Administração, Vasco Lino, ter referenciado
no início do mês que a banca iria disponibilizar valores e que já
havia compromissos com parceiros para entrarem na empresa, a verdade é
que o dinheiro "não entrou". Vasco Lino, que tinha sido reeleito
a 31 de Outubro, acabou por, no passado dia 14 "apresentar a sua demissão".
A possibilidade da PME-Investimentos, empresa de capitais de risco do Estado entrar
na sociedade, diz Lã Rosa, "é muito difícil", mas
estes dois administradores dizem já ter contactado, há algum tempo
atrás, parceiros que poderiam injectar capital, "provavelmente diferentes"
da PME-Investimentos.
A Nova Penteação emprega 600 trabalhadores e é uma das maiores
unidades fabris da região e do País. Porém, atravessa neste
momento a sua maior crise de sempre.
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