Continuam por liquidar os créditos aos trabalhadores de 12 empresas que
fecharam nos últimos anos. O valor das indeminizações ascende
aos dois milhões de euros. O motivo, segundo o Sindicato Têxtil da
Beira Baixa (STBB), é um só: a morosidade do tribunal no despacho
dos processos. "A maior parte destas empresas estão concentradas num
único juíz do Tribunal da Covilhã", explica Luís
Garra, que chama a atenção para o facto de nesta lista (ver quadro
abaixo) ainda não estarem incluídas outras unidades fabris que fecharam
portas no decorrer deste ano, como é o caso da Eres, Coviveste e Stargo.
Depois da diligências levadas a cabo pelo Sindicato, vindas no seguimento
da denúncia pública destes casos em finais de Maio deste ano, houve,
quer do Ministério da Justiça, quer do Conselho Superior de Magistratura,
pedidos de informação à estrutura sindical, sobre quais os
processos e em que juízo se encontravam. "Por parte do juíz
em causa já foi por várias vezes garantido e marcado prazos para
dar andamento a um conjunto vasto de casos, mas até à data nem sequer
um único teve andamento", declara Garra.
No entanto e "se isto não se resolver a breve trecho", tanto
Sindicato como trabalhadores vêem-se "forçados" a novas
medidas, tais como "assentar arraais", por "tempo indeterminado",
às portas do Tribunal da Covilhã. A situação, "escandalosa",
corre o risco de vir a piorar, informa o coordenador do STBB. O alerta é
dado mediante o facto de que algumas das empresas que encerraram em 2002 poderem
ter como destino a falência. Assim sendo, continua o dirigente sindical,
"a acumular-se mais estes processos todos, se já hoje há uma
situação de ruptura e de demora inaceitável no despacho destes
dossiers, o que é que não virá a acontecer?".
No âmbito da crise que tem atingido as confecções e os têxteis
da região, situação que levou a encerramento de várias
empresas e precipitou para o desemprego milhares de trabalhadores, a União
de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) entregou, na passada segunda-feira, 11,
três mil e 500 assinaturas a reivindicar o lançamento de um Plano
de Emergência para o distrito. "Mas com carácter económico
e não assente apenas em medidas assistencialistas e de gestão do
desemprego como aquelas apresentadas por Bagão Félix", salienta
Luís Garra. As assinaturas foram entregues a todos os grupos parlamentares,
presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro, Durão
Barroso. Já no próximo dia 20, a USCB realiza, no auditório
da Associação Mutualista, um plenário distrital de dirigentes
e delegados sindicais. Em discussão vão estar as acções
de luta a desenvolver contra o Pacote Laboral e política económica
e social do Governo.
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Empresas
e créditos a receber pelos trabalhadores
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Fiação Fiacove- 7 trabalhadores - 39.482,70
euros - por pagar
José Santos Pinto- 47 trabalhadores - 297.479,54 euros
-*
J. Inácio Conceição- 6 trabalhadores
- 40.439,33 euros - por pagar
João Roque Cabral- 37 trabalhadores - 278.527,29 euros
- por pagar
Sá Pessoa Irmãos- 20 trabalhadores - 263.315,55
euros - por pagar
Têxtil Cravinos- 18 trabalhadores - 267.002,98 euros
- pago
Gitêxtil- 57 trabalhadores - 112.913,04 euros - pago
Emprex- 10 trabalhadores - 151.885,00 euros - por pagar
Ernesto Cruz- 137 trabalhadores - 298.205,45 euros**
Lanofrabil- 145 trabalhadores - 166.969,46 euros - por pagar
Mamby- 53 trabalhadores - 31.309,04 euros - por pagar
Soc. Têxtil A. Roseta- 15 trabalhadores - 103.112,74
euros - pago
Vestibeira- 22 trabalhadores - 87.374,75 euros - pago
António Matias Batista- 7 trabalhadores - 45.425,59
euros - por pagar
Sousa Ramos&Batista- 20 trabalhadores - 137.111,43 euros
- por pagar
Laniber- 24 trabalhadores - 218.298,20 euros - por pagar***
Vameca- 6 trabalhadores - 320.060,77 euros - por pagar
Salvado&Louro- 5 trabalhadores - 23.580,23 euros - resolvido****
Montebela- 56 trabalhadores - 314.600,93 euros - por pagar*****
*processo em fase terminal
**o dinheiro reverteu na totalidade para a Caixa Geral de
Depósitos, o que leva a que o processo esteja resolvido
***o dinheiro existe, mas está nas mãos de
uma empresa que adquiriu esta
****considera-se resolvido porque a empresa não possuia
património para responder aos seus débitos
*****o património já foi vendido, mas os créditos
ainda não foram saldados
(dados cedidos pelo Sindicato Têxtil da Beira Baixa)
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