António Fidalgo
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Eleições na UBI e governo das universidades
Decorrem as eleições para todos os órgãos
da UBI, à excepção do reitor. Elege-se uma nova Assembleia
da Universidade, um novo Senado, novas Assembleias de Representantes e novos Conselhos
Directivos nas Faculdades, presidentes de departamento, directores de curso e
representantes nos Conselhos Pedagógicos. Docentes, alunos e funcionários
estão todos envolvidos no processo eleitoral.
Estas eleições da UBI decorrem num momento em que, como nunca antes,
se critica a Lei do Governo das Universidades. Pode ser que sejam as últimas
eleições na UBI feitas ao abrigo da actual lei. Como escrevi aqui
há duas semanas, a propósito da demissão do reitor da Universidade
de Coimbra, a Lei deve ser alterada. A bem da universidade portuguesa.
Ainda no Domingo, António Barreto, no jornal Público, escrevia um
artigo violento contra o actual estado de coisas nas universidades portuguesas
e sobretudo contra o espartilho legislativo que tolhe as universidades. Realmente,
com a lei que temos, dificilmente conseguiremos a excelência que se deseja.
A lei promove o incesto de carreiras, é demagógica na atribuição
de competências dos órgãos colectivos, sem contrapartida nas
responsabilidades, e é inadequada em criar um modelo de gestão que
não promove a excelência.
A Lei actual das universidades, a Lei da Autonomia de 1988, consagra o princípio
da gestão democrática das universidades, mas se é certo que
a democracia é a melhor forma de governo encontrada para os povos, isso
não é verdade para todas as instituições. As empresas,
a igreja, o exército, os tribunais não se regem por princípios
democráticos. Aliás, mal iria um regime democrático que impusesse
uma gestão democrática a essas instituições que lhe
são essenciais. Para que uma democracia funcione é preciso que a
justiça e a polícia funcionem bem, e isso não ocorreria se
estas se regessem pela regra da maioria. O mesmo acontece com a universidade.
O país, os políticos, a sociedade em geral, têm de encontrar
uma legislação mais capaz para promover a excelência do ensino
e da investigação nas universidades. A independência de Portugal
passa pela formação superior das suas elites e dos seus quadros.
É imperioso e urgente começar a debater o assunto e as possíveis
leis. Quanto mais cedo melhor, a fim de que tudo se faça com ponderação,
mantendo o que está bem e mudando o que está mal.
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