A Universidade da Beira Interior acolheu ontem, segunda feira, 11, uma conferência
sobre o marketing. Empresas como a Porto Croft, Dielmar, Worten e Vobis da Sonae
Distribuição, e Nestlé, puderam falar das estratégias
que utilizam para vingar no mercado português. O evento decorreu a convite
da Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing (APPM).
A conferência iniciou com um filme, onde foram mostradas marcas importantes
no mercado nacional, filme esse realizado pelos alunos do núcleo do curso
de Design Multimédia. Depois, um dos primeiros trabalhos apresentados foi
o elaborado por Elisabete Lopes, responsável pela unidade de Marketing
Intelligence da Nestlé.
Esta técnica iniciou a sua intervenção defendendo a necessidade
de ter visão para construir uma marca: "A visão é a
arte de ver coisas invisíveis". Elisabete Lopes alertou para a necessidade
de ter, numa marca, coerência, personalidade e qualidade durante todo o
processo de inovação e crescimento da empresa. Aludiu, também,
à criação de mascotes dos produtos da Nestlé, como
o cão Pico dos cereais Chocapic, e as promoções se mostraram
trunfos valiosos para conseguirem atingir os 47% de quota de mercado. Explicou
que foi da mesma forma, através de publicidade e estudos de mercado, que
conseguiram criar 14 produtos diferentes em 10 anos, e aumentaram a taxa de consumo
de cereais de 300 toneladas per capita em 1986, quando chegaram ao mercado português,
para 3 mil toneladas em 1990, e em 2002 para 15 mil toneladas per capita.
A segunda parte da conferência foi aberta por Filipe Manuel Rios, responsável
de marketing e publicidade da Worten e da Vobis na Sonae Distribuição.
Esta exposição foi mais dinâmica. Foram exibidos spots publicitários
ao mesmo tempo que eram explicadas as razões que podem levar uma empresa
ao sucesso. Filipe Rios chamou a atenção para o facto de que a publicidade
não ser apenas o objectivo de fazer vender, tendo também a intenção
de mostrar e sensibilizar o público para determinados problemas, e suas
soluções.
Já o caso da marca Dielmar, apresentado por Alcino Rafael, tem uma base
solidificada, e com uma quota de mercado elevada no estrangeiro. Apesar de ser
uma marca portuguesa com um relativo sucesso, tem uma expansão acentuada
fora de Portugal, devido à importação dos materiais necessários
para a fabricação do vestuário. Esclarece Alcino Rafael que
a sua publicidade e marketing é basicamente dirigida ao público
consumidor estrangeiro, apesar de a empresa se estar a desenvolver também
em Portugal.
Debateu-se, igualmente, uma outra faceta do marketing: a imagem que dá
do País de onde é originário a empresa. Todos os oradores
estavam de acordo ao considerar que o País fica com a imagem, quer seja
boa ou má, da empresa que o representa noutro país. Como afirma
Luís Sequeira " A imagem de Portugal está ligada à qualidade
do Vinho do Porto", pois o governo finalmente " transformou as embaixadas
portuguesas em agentes dinamizadores da marca Portugal". De acordo está
Elisabete Lopes ao dizer que " temos que comunicar sempre o que fazemos de
bom, tem sido nosso erro não o fazer". Desta forma, argumentou a professora
Arminda do Paço, "esta iniciativa veio divulgar tanto o curso de Marketing,
que abriu este ano, como a Universidade da Beira Interior". Continuou alegando
que o objectivo deste evento é o mesmo que o objectivo do Marketing, pois
na UBI "temos bons produtos o que falta é a divulgação".
Um anfiteatro cheio assistiu à conferência
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Vinho do Porto identifica Portugal
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Os trabalhos desta conferência de marketing que a UBI acolheu iniciaram-se
por volta das 15 horas, com Luís Sequeira, director comercial da empresa
Porto Croft, a apresentar um relatório da Grocery Manufacture of America
(GMA), onde referia que 80% das marcas nas prateleiras são importantes,
46% dos consumidores são leais às marcas, e esclareceu que cerca
de 64% dos consumidores aconselham as marcas que utilizam a outros compradores.
Luís Sequeira defendeu que este género de publicidade "é
a mais importante que pode existir", porque credibiliza a empresa ou marca
aconselhada.
Outras estatísticas que o Director Comercial da Porto Croft exibiu, demonstram
que os consumidores do Reino Unido confiam primeiramente no seu médico
(85%), nas marcas Kellogg's e Marks & Spencer com 83%, seguidos da Heinz (81%),
e só depois na polícia com 62%.
Foi assim que Luís Sequeira começou a contar a história do
Vinho do Porto, de onde ressaltam datas de grande relevo que levaram a que "Portugal
se impusesse como País e nacionalidade". Entre elas: no ano de 1386
com o Tratado de Windsor, o primeiro registo de expedição do "
Vinho do Porto" em 1678, o Tratado de Methuen em 1703, no ano de 1883 quando
foi assinada a convenção de Paris para a Protecção
Industrial, que incluía as Denominações de Origem, exigidas
por Portugal. Por isto, continuou, "é que se construiu uma forte imagem,
dos Vinhos do Porto, através da união de esforços",
tanto no nosso próprio País como no estrangeiro, aliado a estratégias
de publicidade e tradição, como a ressalva da Quinta da Roêda,
onde as uvas ainda são pisadas.
Esta iniciativa teve a organização de Carlos Osório, presidente
do Departamento de Gestão e Economia, e docente daquele departamento; de
Mário Raposo, director do curso de Marketing e Vice-reitor da UBI; contando
também com a colaboração de Arminda do Paço, docente
do curso de Marketing.
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