"Quanto tempo mais o eixo fundamental do IP2 vai demorar a concretizar-se?",
questionou o Presidente da República (PR), em Mêda, associando-se,
deste modo às reivindicações dos autarcas do distrito da
Guarda, região do Interior e com difíceis acessos aos principais
mercados. Jorge Sampaio falava no Posto de Turismo de Mêda, que inaugurou,
segunda feira, 28, após uma visita feita à Aldeia Histórica
de Marialva, que não conhecia e cuja beleza o impressionou. Neste encontro,
o presidente da Câmara de Mêda, reclamou a abertura da Estrada Nacional
324 entre Marialva e Pinhel - reivindicada há mais de 20 anos e que facilitaria,
na opinião de João Mourato, as ligações entre os concelhos,
mas também à fronteira de Vilar Formoso e aos IP5 e IP2. De seguida
foi a vez de Vila Nova de Foz Côa receber o PR, onde o edil Sotero Marques
reivindicou a construção do IP2 a norte da Guarda, entre Celorico
da Beira e aquela vila.
Sampaio, que com esta visita perfaz o terceiro dia de presidência aberta
ao distrito guardense, dedicou o dia ao Turismo, Ambiente e Património,
encontrou-se durante a tarde com o director do Parque Natural do Douro Internacional,
Domingos Amaro. Figueira de Castelo Rodrigo foi o concelho que se seguiu, onde
Jorge Sampaio assistiu à apresentação do programa das Aldeias
Históricas e lanchou com a população.
Além das acessibilidades viárias, também as ferroviárias
tiveram "momento de antena", como os autarcas de Vila Nova de Foz Côa
e Figueira de Castelo Rodrigo a pedirem a intervenção do Presidente
da República para reabilitar a linha férrea do Douro (Pocinho e
Barca d'Alva), desactivada em 1988. "A intervenção do Presidente
da República é importante para que se faça justiça
aos povos do Alto Douro com a reactivação da linha, que é
fundamental para o desenvolvimento económico da região, nomeadamente
o turismo", afirma Armindo Pinto Lopes, presidente do município de
Figueira de Castelo Rodrigo. A estada do PR foi também aproveitada para
que o autarca daquele concelho solicitasse a intervenção de Jorge
Sampaio para que seja dada uma solução ao edifício da antiga
estação de Barca d'Alva, que a autarquia pretende aproveitar para
fins turísticos e culturais.
"Aproveitar os fundos estruturais" é urgente
Manteigas também recebeu a visita do Presidente da Reública, no
domingo, 27, onde este alertou os governantes e autarcas para a urgência
da concretização de projectos promotores de desenvolvimento de forma
a aproveitar os fundos comunitários até 2006. "Temos que aproveitar
os fundos estruturais. Não vamos ter outra oportunidade como esta depois
de 2006", afirma Jorge Sampaio. E prossegue: "Não tenham ilusões.
Três anos é o tempo que temos para mudar o pode ser mudado, inovando
e especializando".
Por seu turno, o autarca de Manteigas, além de revelar que o seu concelho
"está desprezado" pelo Poder Central, criticou o actual Governo
PSD/PP de não cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral,
exigindo a construção de uma via que ligue o município à
Auto-Estrada da Beira Interior. O cicerone, que fez um esforço para não
ser demasiado crítico com o Executivo, acabou por contar um episódio
bem revelador da sua frustação. Lembra Biscaia que, há uns
anos, estava configurada no PIDDAC - com verbas consagradas e tudo - a construção
de uns túneis para a zona do Interior beirão. Os governantes foram
passando, mas a execução das obras nunca chegou a acontecer. "Fala-se
em discriminação positiva mas, de positivo, só cá
estamos nós", ironiza o autarca.
Numa paragem durante o trajecto para Manteigas, Sampaio ouviu do presidente da
Região de Turismo da Serra da Estrela, Jorge Patrão, as razões
para a apresentação, em 2005, da candidatura do Vale Glaciário
do Zêzere a Património Mundial. O Presidente da República
manifestou apreço pelo esforço, considerando que a Serra da Estrela
"é algo que dá vontade de os portugueses serem maiores".
Visita terminou domingo, 3 de Novembro
Na sexta feira, 1 de Novembro, Sampaio visitou o Hospital Sousa Martins, nomeadamente
os serviços de Pediatria, Pneumologia e Urgência. Pelas 13 horas,
Jorge Sampaio teve um encontro com o primeiro-ministro, Durão Barroso,
para um almoço de trabalho, no Hotel de Turismo da cidade. Às 15
horas, o chefe de Estado seguiu para Fornos de Algodres, onde, pelas 17 horas,
reuniu com todos os presidentes de Câmara Municipal do distrito. O encontro
teve como principais temas o abastecimento de água e saneamento básico
e acessibilidades. Sábado foi um dia dedicado à Saúde, Património,
Ensino e Produto de Qualidade (Queijo da Serra da Estrela), Sampaio visitou Aguiar
da Beira, Trancoso, Linhares da Beira, no concelho de Celorico da Beira, onde
inaugurou o Museu da Agricultura e do Queijo. Os oito dias de presidência
aberta no distrito da Guarda chegaram ao fim no domingo, 3, onde Jorge Sampaio
presidiu ao lançamento da primeira pedra do Centro de Estudos Ibéricos.
O Presidente da República teve ainda oportunidade de, na terça-feira,
29, visitar o Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) da Guarda, a Gelgurte,
assistido à assinatura da escritura de constituição da Plataforma
Logística, viajado em camião TIR até Vilar Formoso e conhecer
o concelho de Almeida. Já na quarta-feira, 30, Sampaio outro dia "cheio".
Pinhel e Seia foram os concelhos que o Presidente da República visitou,
onde se destacam as passagens pela fábrica de calçado ARA e Museu
do Brinquedo, bem como a reunião sobre a situação do desemprego
no distrito, na Biblioteca Municipal, respectivamente. Quanto a quinta feira,
31, Sampaio "voltou" aos tempos de estudante e acompanhou a viagem dos
alunos do Ensino Básico, residentes em freguesias distantes, para os estabelecimentos
da Guarda. O concelho do Sabugal foi o que se seguiu. Ainda nesse dia, o Presidente
da República visitou o Instituto Politécnico e teve audiências,
no Governo Civil, com representantes da CGTP, UGT, direcções do
NERGA e da Associação Comercial da Guarda.
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