Esta é uma tragédia das mulheres das aldeias espanholas, acorrentadas
a preconceitos e mitos que um convencionalismo social, tão cruel como vazio
de valores, defende a todo o transe, mesmo à custa do aniquilamento das pessoas.
Por Ana Maria Fonseca
Nesta peça de 1936, dominam as mulheres, apesar de
dominadas por uma ditadura e uma mentalidade sufocantes que lhes condicionam toda
e qualquer forma de liberdade.
A partir da morte do marido, Bernarda Alba assume de forma autoritária o
comando da casa e, consequentemente, o destino de todos os envolvidos, criando um
sistema de liderança no qual os valores e as vontades individuais são
substituídos por rígidas leis, incompatíveis com as necessidades
das personagens envolvidas.
Cinco filhas em idade de casar, constantemente vigiadas e até impedidas de
sonhar pelas rígidas imposições da mãe, sobrevivem numa
casa que é o reflexo de toda uma sociedade, fechada e profundamente castradora.
O sangue fervilha por baixo da pele das jovens que nada exigem perante todas as
proibições. É o proibido que acaba por conduzir ao desfecho
trágico, numa revolta abafada.
Este é um manifesto de Garcia Lorca, assassinado em 1936, fruto de perseguições
políticas do regime totalitário do General Franco, por todas as formas
de liberdade.
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