António Fidalgo

Covilhã e UBI. A simbiose desejada


Da entrevista que o Presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, deu ao semanário O Interior destaco a resposta em que se refere à UBI. Para concordar inteiramente. Diz Carlos Pinto que "ou somos capazes de ligar mais as universidades à criação de riqueza, e não meramente à formação académica, ou Portugal vai ter um problema gravíssimo, porque tudo passa pela universidade no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos e nova inteligência. Se isso não for feito vamos ter universidades a formar muitos ilustres licenciados, mas que, do ponto de vista de projecção do país em termos de concorrência internacional, não vai acrescentar nada."
Em Portugal temos um bom (mau!) exemplo disso. Que mudou em Coimbra a velha universidade? Coimbra foi das cidades que mais decaiu em Portugal. A universidade formou muitos licenciados, muito ilustres até, mas de pouco valeram à cidade que ficou sem a indústria que tinha e não conseguiu inovar industrialmente, nem criar novos serviços (excepção feita à medicina). Muito melhor conseguiram as cidades de Aveiro e de Braga integrar o saber fazer das suas universidades, nomeadamente no âmbito das telecomunicações e da informática. Ter uma universidade apenas para licenciar pessoas é pouco. Tão importante como o ensino é a tarefa de investigação numa universidade. Ora a investigação é hoje a verdadeira arma da competitividade de povos e regiões. Quem sabe mais, produz mais e melhor.
A simbiose entre a cidade e a universidade é imprescindível. A UBI não formará bons médicos, se não houver uma boa cooperação com as estruturas hospitalares locais e regionais. Por sua vez, os serviços médicos serão uma mais valia para a cidade se os docentes da Faculdade de Ciências da Saúde fizerem investigação e estiverem à frente na diagnose e na terapia de doenças. E o mesmo vale para a imagem. A Covilhã será uma cidade da imagem, da indústria da imagem, se a UBI souber desenvolver esse ramo científico dentro da sua Faculdade de Artes e Letras, nomeadamente com a criação do curso de cinema. Do seu lado, a UBI precisa que iniciativas como o Imago continuem a ser promovidas e acarinhadas pela cidade.
O presidente da autarquia covilhanense tem razão. É preciso que a universidade aposte mais na investigação e que os industriais da região saibam aproveitar essa investigação e fazer dela um trunfo de competitividade. Depende de nós, universidade e cidade, fazer um local, uma região, de muito valor acrescentado, com investigação de ponta e empresas de vanguarda.