Sucesso é a palavra que melhor descreve a 4ª
edição do festival de Cinema e Vídeo
Jovem. Público e qualidade crescentes marcaram
a semana do cinema na Covilhã.
"Estamos plenamente satisfeitos", disse Pedro
Ramos, director do Imago, no final da sessão de
encerramento que juntou num filme-concerto, Nosferatu,
de Murnau, à música dos Clã. A sala
encheu para assistir ao espectáculo que culminou
com a entrega de prémios às curtas em competição.
O Grande Prémio Cidade da Covilhã, no valor
de 2 mil e 500 euros foi para Home Road Movies, de Robert
Bradbrook, que conta, em 12 minutos, a história
de um pai tímido e desajeitado que pretende tornar-se
um pai melhor através de um carro que transporta
a família pela Europa, em todas as férias
de Verão. Depois da sua morte, os filhos compreendem
que esse veículo de sonhos se tinha transformado
no veículo da sua afeição.
Onán, dos espanhóis Pablo Tébar e
Abraham Faria, arrecadou o Prémio Jovem Realizador
Europeu. A história de um adolescente dos anos
70, aterrorizado com o fantasma da masturbação.
O Prémio Melhor Animação foi para
Hasta los Huesos, de René Castillo, uma curta mexicana
onde se relata a festa de um grupo de esqueletos que celebram
a morte de um homem.
O Júri Internacional premiou Lurch, de Boris Hars-Tschachotin.
O filme alemão de 20 minutos impressiona pelo cenário,
no Museu de História Natural de Berlim onde se
acumulam milhares de anfíbios, conservados em frascos
de álcool. A tarefa do protagonista é encher
esses frascos de álcool, criando com eles uma estranha
relação.
O Prémio do Júri Jovem foi conquistado por
Staplerfahre Klaus - Der Erste Arbeitsttag, de Jorg Wagner
e Stephen Prehn, uma comédia negra sobre um condutor
de empilhadora que vive um primeiro dia de trabalho conturbado.
O prémio do Público foi para Natural Glasses,
de Jens Lien. A película de um minuto conta brevemente
a história de um homem que queria ter um dia mais
bonito.
O realizador de Onán
recebe o prémio Jovem Realizador Europeu
|
Kid Loco e Oscar de Rivera em grande
|
Para a noite de sábado estava reservado um dos
programas mais esperados. O som do francês Kid Loco
e do espanhol Oscar de Rivera proporcionaram às
centenas de pessoas que acorreram à discoteca &Companhia
uma noite inesquecível. O programa que uniu som
e imagem e aconteceu durante todas as noites do festival
no bar Barra D. João, culminou com os DJ's internacionais
no melhor do Sound and Vision Experience.
Diariamente, centenas de espectadores acorreram ao Teatro-Cine
para assistir àquele que é já um
evento emblemático na região.
Francisco Abreu, delegado Regional do Instituto Português
da Juventude de Castelo Branco, um dos patrocinadores
desta iniciativa, revelou-se "orgulhoso por se associar
a um evento indispensável para a região
a até para a cultura nacional".
O Imago mostrou cinema a miúdos e graúdos.
O programa Escolas trouxe ao cinema cerca de 1300 crianças
de escolas do concelho da Covilhã. Diariamente
e durante uma hora, os pequenos cinéfilos, com
idades compreendidas entre os 5 e os 10 anos, puderam
ver oito curtas metragens de animação. Histórias
Desencantadas, de Víctor Lopes, Le Trop Petit Prince,
de Zoia Trofimova, La Grande Migration, de Iouri Tcherenkov,
Au Bout du Monde, de Konstantin Bronzit, Boum, de Pascal
Adant, Chanson aux Pommes, de Gian Maria Leroy, Sortie
de Bain, de Florence Henrard, e The Mousochist, de John
R. Dilworth.
Para os mais graúdos, Tudo sobre Hitchcock foi
um programa de referência. Organizado em colaboração
com o festival de Clermont-Ferrand, foi possível
ver as únicas duas curtas metragens realizadas
por Alfred Hitchcock, abordagens documentais ou ficionadas
ao realizador e à sua obra, e vídeos experimentais
que interpretaram a obra de um dos maiores cineastas de
todos os tempos.
Um programa de luxo que contou com trabalhos de Mathias
Mueller/Christophe Girardet, Martin Arnold, Les Le Veque,
Birgit Lehmann e o português José Miguel
Ribeiro.
Lukas Moodysson que não pôde estar presente
no Festival, não deixou de mexer com os espectadores
que assistiram ao programa onde foram exibidas quatro
metragens do realizador sueco que promete continuar a
surpreender.
No seu estilo próprio, Guy Maddin também
impressiona. A retrospectiva dedicada a este realizador
canadiano apresentou várias obras, desde o primeiro
filme, até ao videoclip que realizou para a banda
Sparklehorse.
No sábado, ao fim da tarde, a sala encheu-se para
assistir ao programa Panorama Nacional que exibiu obras
de realizadores portugueses.
Imago 2003 é uma incerteza
|
Os Clã agradecem os numerosos aplausos do
público
|
Depois deste crescimento e perante as responsabilidades
que se avizinham no sentido de manter os padrões
de qualidade, Pedro Ramos, director do Imago, diz que
não pode garantir que o Festival se realiza no
próximo ano.
"Em 2003 o Festival não é uma certeza
porque, se é verdade que ganhámos esta projecção
internacional e obtivemos estas pequenas grandes vitórias,
também é um facto que aumentaram as nossas
responsabilidades e com elas vem todo um conjunto de necessidades
e condições que se não se vierem
a concretizar, não será possível
continuar com o Imago", refere.
As condições necessárias passam essencialmente,
segundo o director do Imago, "por uma clara definição,
por parte dos organismos públicos com mais responsabilidades
no Festival que para nós são o ICAM e Câmara
Municipal da Covilhã, daquilo que querem deste
Festival e se pretendem mantê-lo com o nível
que ele já tem e até que ponto estão
dispostos a fazer um esforço financeiro para que
isso se concretize", salienta, acrescentando que
só depois de definidas estas questões haverá
uma decisão final.
Os objectivos principais apontados pelo director do Festival,
que passam pela "criação de públicos
para um outro tipo de cinema e pelo aumento gradual desse
mesmo público" foram cumpridos.
"O impacto, a receptividade, a disponibilidade que
temos encontrado em todo o mundo para o festival, o que
se verifica não só nas mais de 500 inscrições
que recebemos para a competição, mas em
todos os festivais que começam a colaborar e a
contar connosco e a própria entrada na coordenação
europeia de festivais, faziam-nos à partida antever
que isto iria acontecer", refere.
|